Por Cláudio Eduardo Resende Alves*
“Os adolescentes estão prontos a transformar qualquer desejo em ação. Dos desejos corporais, estão mais dispostos a ceder ao desejo sexual, não exercendo autocontrole.”
Aristóteles – 384-322 a C.
Foto: Detail from The Birth of Venus. Óleo sobre tela.
Autor: William-Adolphe Bouguereau (1825–1905).
Fonte: Art Renewal Center image
|
A visão da sexualidade no tempo nos ajuda a entendê-la não como proposta individual, mas sim vinculada a uma relação de poder de ordem político-econômica, cultural, social, religiosa, moral e ética, subordinando conceito e comportamento sexual do indivíduo a valores e instituições que evoluem de forma dinâmica, a cada época, nas diferentes civilizações.
Hebreus:
- No Gênese a sexualidade é descrita como desejada por Deus e criada como algo bom.
- Nas passagens bíblicas se observa uma estreita relação entre o sexo e a reprodução através do casamento.
Gregos:
- O homem assumia uma posição especial desde o nascimento, recebendo educação formal ( música, poesia, aritmética, esportes ...).
- A mulher, ao contrário, não recebia educação formal. Ficava confinada em casa desde o nascimento até o casamento.
- Nota-se no casamento da época a completa dissociação entre o sexo-reprodução e o sexo-prazer.
- Época dos Deuses Gregos: EROS – amor carnal, ÁGAPE – amor espiritual.
- Amor platônico.
Romanos:
- “O marido é o juiz da esposa. Se ela cometeu uma falta, ele a castiga; se ela tomou vinho, ele a condena; se ela é culpada de adultério, ele a mata”, segundo as palavras de Catão.
- Os romanos eram rigorosamente monogâmicos.
- O casamento era uma questão pessoal e não requeria sanção religiosa ou governamental, apenas o consentimento paterno.
- Apesar da mulher ter conquistado alguns direitos e uma certa liberdade, ela ainda era vista como objeto.
- Época de extravagâncias, prazeres, grandeza e glória.
Cristianismo:
- A virgindade foi mais exaltada.
- A poligamia abolida.
- As relações sexuais eram permitidas apenas para a procriação.
- Nova religião que escarnecia e castigava os prazeres.
- É aceito que o Cristianismo aperfeiçoou a natureza bárbara do homem, fazendo-o voltar-se para o seu próximo, para o amor altruísta e também proporcionou novas oportunidades para a mulher.
Idade Média:
- Para a nobreza, a virgindade deveria ser preservada até o casamento.
- Para os camponeses, não havia esta imposição de se manter a virgindade.
- O casamento era um contrato comercial.
- Sociedade de caráter machista.
- Há poucas referências à felicidade verdadeira ou à satisfação emocional na relação matrimonial.
Renascença:
- Luta entre a religião da Idade Média e o Humanismo da Renascença.
- A mulher foi glorificada por Botticelli, Giorgione e Ticiano.
- Do séc. XVI para o XVII, o Iluminismo fizera com que o sexo não parecesse tão pecaminoso nem tão repulsivo.
- Homens e Mulheres podiam começar a associar o Sexo com o Amor.
Idade da Razão:
- O racionalismo de Galileu e Newton marcaram a época com as descobertas científicas.
- O dogmatismo religioso deu lugar à razão.
- As classes sociais mais elevadas buscavam o prazer desvinculado do afeto e do matrimônio.
- A mulher desta época, já adquiriu maior número de direitos.
- Datam desta época, também, as leis mais liberais no que diz respeito ao divórcio.
Romantismo:
- Caracterizado pelo movimento literário, político e social – ROMANTISMO.
- Presença marcante de sentimentos melancólicos e tempestuosos.
- Os românticos restringiam sua sexualidade e deixavam fluir torrencialmente suas emoções.
- Era o nascimento da ERA VITORIANA que foi caracterizada por uma veneração exagerada da vida doméstica e do amor romântico.
- Modelo de felicidade conjugal – “anjo do lar”.
Século XX:
- Morton Hunt, em seu livro “The Natural History of Love”, chama a nossa era de “A Idade do Amor”, pois nunca se dedicou tão elevada consideração ao amor.
- Surgimento da Psicanálise de FREUD com suas teorias acerca da sexualidade humana.
- Movimento Feminista – direitos financeiros e sociais,direito ao voto, liberdade sexual, aborto , pílula anticoncepcional.
- Revolução Industrial – abertura no mercado de trabalho.
- Desenvolvimento dos meios de comunicação – telefone, revistas, filmes, automóvel, televisão...
- Maior liberdade sexual.
Século XXI:
- AIDS, Viagra, Terapia sexual, Metrossexual, Inseminação Artificial, HPV, pílula do dia seguinte, Movimento Social LGBT, Movimento Feminista, Estudos sobre Gênero e Diversidade sexual entre outros.
Fontes e Referências:
- *Cláudio Eduardo Resende Alves. Formado em Ciências Biológicas (PUC/MG), doutorando em Psicologia pela PUC Minas, mestre em Ensino de Biologia pela mesma universidade e especialista em Educação Afetivo-Sexual pela Fundação Mineira de Educação e Cultura (FUMEC). Integrante do Núcleo de Gênero e Diversidade Sexual da Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte, onde desenvolve pesquisas sobre as temáticas de sexualidade, gênero e diversidade sexual em interface com o universo da educação. Além disso, participa da elaboração, implementação e monitoramento de políticas públicas de enfrentamento do sexismo e da homofobia nos espaços de convivência escolar. Palestrante e autor do blog: Educação afetivo-sexual na Prefeitura de Belo Horizonte. (Adaptação do livro de Vagner Lapate. Educando para a vida: sexualidade e saúde. São Paulo: Sttima, 1999).
- Blog do autor: Educação Afetivo-Sexual na Prefeitura de Belo Horizonte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradecemos por seu comentário. Volte sempre!