ARTIGOS INDEPENDENTES

Profissões do sexo: veja as novas ocupações que surgiram no mercado 


Para se adaptar ao mercado, indústria do sexo cria novas carreiras 


Por Renata Pinheiro*


Dizem que usar o sexo como fonte de renda é uma das profissões mais antigas do mundo. E como toda profissão precisa se adaptar ao mercado e às novas demandas, com aquelas não é diferente.

Por exemplo: lá atrás, não existiam os brinquedinhos eróticos. Pelo menos, não os eletrônicos. E, como são comercializados, precisam chegar ao consumidor com a garantia de que funcionam. Ora, para isso, surgiu a testadora de vibradores. 

Confira, abaixo, algumas profissões curiosas relacionadas ao sexo e que nasceram a partir da demanda do mercado: 


Foto: Sensual. Fonte: GettyImages

1. Testadora de produtos eróticos 


Segundo a Abeme - Associação Brasileira das Empresas do Marcado Erótico e Sensual, uma das maiores dificuldades do setor é encontrar profissionais com experiência no ramo. A rotina de trabalho é simples: a funcionária recebe os produtos eróticos, tais como vibradores, pênis realísticos, lubrificantes íntimos, lingeries e fantasias sensuais, e os testará. A avaliação deve ser enviada em forma de "resenha", constando informações de usabilidade e eficiência dos mesmos. O salário depende da empresa contratante, mas algumas oferecem todos os direitos da CLT: vale refeição, plano de saúde e plano odontológico estão entre os benefícios. Era o que dizia o anúncio para vaga. 

2. Dubladora de filmes adultos 


Sabe quando você assiste a um filme erótico e reclama que os gemidos soam falsos? Pois se isso acontece é porque não passou pelas mãos de uma profissional como a do vídeo abaixo. É ela que, tecnicamente, traz veracidade ao áudio das cenas picantes. Avisamos: assistir aos bastidores pode frustrar um pouco os amantes do gênero. Mas se for muito curioso, assista ao vídeo abaixo.



Foto: "Coletoras de espermas" Fonte: Divulgação

3. Coletora de esperma 


A notícia espantou a todos. Mas, hoje, é questionada por aqui a veracidade da informação. O que foi divulgado é que na China há um cargo profissional regulamentado exclusivamente as mulheres: a coletora de esperma. O objetivo não é o prazer sexual, mas, sim, o uso médico do material colhido. Ainda disseram mais: a classificação dessa função, relativa à segurança no trabalho, é Grau de Risco 4. Isto porque, segundo a Norma Regulamentadora nº 32, na China, as funcionárias estão expostas a grandes riscos, podendo adquirir lesão por esforço repetitivo. Alguém fala, escreve e entende chinês, afinal, para tirar essa história a limpo? 


Foto: "Telesexo". Fonte: Divulgação

4. Disque-sexo 


Não é novidade. Mas um telemarketing do sexo é algo que devemos registrar aqui. Até porque, essas profissionais do sexo precisam modernizar a área de trabalho e se adaptar às novas tecnologias, bem como citamos no abre desta matéria. Hoje, não basta ter uma voz bonita e sexy. Com o advento das webcams, a imagem se faz necessária. Os usuários querem ouvir e ver com quem estão falando. Se não quiserem ficar para trás, têm que estudar, propor novas formas de trabalho, novas tecnologias. E não é assim em qualquer profissão?


Referências e notas:



  1. *Renata Pinheiro. Analista de conteúdo de novas mídias II no Canal de TV GNT.
  2. Fotos: Banco de imagens GettyImages, divulgação notícias, internet
  3. Vídeo: Youtube, verbete "dubladora de filmes adultos".


A Sexualidade na Escola: Homossexualidade



Por Caio Augusto, Caroline Dutcovsky, Maria de Lourdes Palmieri, Michelle Silva e Sthefanny Ferrari, sob orientação do Ms. Marcos Vinicius de Araújo*


Foto: LGBT flag map of Brazil. Fonte: Wikimedia Commons

1. Introdução


O tema Homossexualidade, mesmo tão presente na contemporaneidade, ainda é um assunto de grande repercussão, geralmente considerado como “tabu”, principalmente quando abordado dentro de uma família tradicional, como exemplo, um programa humorístico da televisão brasileira que retrata a culpabilidade de um pai ao ver seu filho “desmunhecar” frente a situações sociais com o bordão: “Mas, onde foi que eu errei?!!”, demonstrando claramente essa escandalização da temática. 

Relacionar-se com um parceiro do mesmo sexo é uma ocorrência relativamente comum no mundo através dos tempos, porém, ainda com a presença de indivíduos homossexuais e bissexuais na história da humanidade o tema continua trazendo muitas controvérsias na modernidade e contraditoriamente em uma sociedade que se nomeia tão “liberal”, colidindo com dogmas morais e religiosos, influenciados por ignorância e contrastando com intuitos políticos. 

A discussão acerca da homossexualidade dentro de comunidades de estudiosos ainda é muito acirrada, pelo fato da ciência ainda não ser suficientemente capaz de determinar sua causalidade. “Seria a homossexualidade predominantemente um fator de cunho ambiental?”; “Seria ela, puramente genética, sendo assim, onde está o tal `x colorido´?” ; “Ou talvez, um conjunto de fatores, misturando o meio, a biologia e a cultura, formando uma multicausalidade?” Bem, estas respostas são o que milhares de estudiosos das mais diversas linhas da psiquiatria, psicologia, biologia, medicina geral, neurociências, sociologia e antropologia desejam poder responder um dia. Até então é muito dito que se trata de um aspecto da condição humana que acarreta profundos efeitos sobre a vida de um sujeito e da comunidade em si. 

1.1 O Que é Homossexualidade?



A sexualidade envolve o comportamento, ato sexual, noções de gênero (feminino e masculino), dentre outros. O ser humano moderno vive em uma sociedade que não possui o costume de enxergar o sexo como algo natural do ser vivo e de cada indivíduo em particular. Existe a ideologia de que “deve-se ser igual/normal”, sendo assim qualquer diferença é mantida em segredo, causando uma angustia ao individuo (PICAZIO, 1998). 



É preciso entender o que de fato seria um problema em si e o que é designado como problema pela sociedade, uma vez que o desejo não causa dor, a problemática no caso seria a sociedade que não aceita seus diferentes membros, pois cada um tem sua combinação de sexualidade e buscam-se diferentes modos de relacionamento. O melhor caminho é a aceitação para se obter uma vida melhor em uma sociedade civilizada (PICAZIO, 1998). 


As possibilidades são diversas e não é conveniente, em um tempo com preceitos tão liberais, julgar o que é certo ou errado. A sociedade contemporânea está passando por grandes transformações, onde, por exemplo, algumas questões consideradas anteriormente como eternas, hoje já se modificaram e continuam se modificando (PICAZIO, 1998). 

Freud, grande estudioso dos processos subjetivos da mente e pai da psicanálise, no início do séc. XX apontou algumas possíveis causas da homossexualidade determinando, basicamente três fatores causais: a forte ligação com a mãe, a fixação na fase narcísica e o complexo de castração. 

“No primeiro, o homossexualismo teria início devido a uma forte e incomum fixação com a mãe o que impediria essa pessoa de se ligar a outra mulher. O segundo fator, o narcisismo, faz com que a pessoa tenha menos trabalho em se ligar ao seu igual que em outro sexo. A estagnação na fase narcísica faria com que "o amor fosse para eles sempre condicionado por um orgão genital semelhante ao deles" (Ferenczi). O terceiro fator, aponta problemas relativos à travessia da castração, isto é, sofrimentos relativos as perdas e a idéia de morte que deixariam a pessoa acomodada ou acovardada na sua psicossexualidade” (LIMA, 2001).


Um esclarecimento importante a se ressaltar é a confusão de terminologias quanto a referencia ao homossexual. O termo Homossexualismo, que podia ser visto antigamente até mesmo em um manual importante para consultas de profissionais da área médica como o CID-9 (Código Internacional de Doenças), admitia que o indivíduo homossexual possuía um transtorno mental e, portanto, era “doente”. O sufixo “ismo” da palavra traz um significado “patológico/doença”. O “Homossexualismo” estava incluído dentro do capítulo V: Transtornos Mentais, com o código 302.0, mas nos últimos anos, com a explosão de grupos denominados “gays” crescendo não apenas no Brasil como no mundo, houve a necessidade de não somente adequar o manual, como em suas revisões, modificar a forma que o assunto era abordado. 



Freud cita acima o termo “homossexualismo”, muito provavelmente por ter como formação a medicina, e em sua época esta nomenclatura e ideologia patológica fosse a aceita em termos de comunidade médica. 


É preciso lembrar, por outro lado, que o CID não é somente uma classificação de doenças, lesões e causas de morte, em suas últimas revisões, passou a ser utilizado como instrumento para codificar motivos de consultas em serviços de atendimento médico, passando então a incluir várias entidades que não são doenças, lesões ou causas de morte (LAURENTI, 1984). 

A partir de tantas discussões causais, com constantes questionamentos se “é doença?”, e com o imenso crescimento de grupos de homossexuais lutando por suas identidades nas mais diversas culturas, convencionou-se então a utilização do termo “Homossexualidade” como referência ao indivíduo que possui maior afinidade psicofísicosexual por membros do mesmo sexo. 

Atualmente, dentro do CID-10 , continua existindo um código para homossexualismo (F66.x1) por se tratar de um instrumento estatístico para classificar causas de morte, diagnósticos de internação hospitalar e motivos de consulta mesmo que contra isso continuem os movimentos, pressões e apoios. Este código apenas deixaria de existir quando não houvesse mais, em absolutamente nenhum lugar do mundo consultas motivadas pelo fato de ser homossexual. Da mesma maneira que o heterossexualismo agora existe no CID e será discutido quando trouxer a um indivíduo algum desconforto ou, principalmente, discriminação, o que o levará a procurar, sob diversos pretextos, um médico para orientá-lo. (LAURENTI, 1984). Vamos aguardar o CID-11 em 2014 e observar como as mudanças culturais e temporais da sociedade influenciam estes códigos e suas nomenclaturas. 

Os indivíduos ainda hoje têm grandes duvidas sobre como a homossexualidade “surge”, se seria possível evitá-la ou não, se seria um desvio ou algo natural, se é algo que se passa de pessoa para pessoa. A resistência em entender a homossexualidade pode se dar pelo fato de se acreditar erroneamente que “é um desejo adquirido ou aprendido” e não apenas algo natural como a heterossexualidade, onde se sente um desejo como qualquer outra pessoa (PICAZIO, 1998). 

Uma grande problemática psicológica que um adolescente ou adulto pode ter, é a constatação de ser homossexual, pois não é fácil para o indivíduo ter um desejo que não é respeitado pelos demais e um desejo que é ainda muito perseguido pela sociedade, passando por uma batalha pelo preconceito, engajando-se na luta por seus direitos. Com tantos problemas, preconceitos e julgamentos, se a homossexualidade fosse uma opção, quem a escolheria? 

Ainda que se tente disfarçar a condição homossexual e os sentimentos deste indivíduo em relação aos amigos, parentes, etc não é algo fácil mentir para os outros e principalmente para si. E com isso, esses sentimentos vão causando ao individuo um sentimento de culpa, de anormalidade e assim, acabam ficando entre o viver e o medo de ser rejeitado. Porém, em muitos casos o individuo consegue desabafar e tirar esse “peso de suas costas”, dizendo tudo o que sente para família, amigos, e parentes num geral, acabando com aquele incomodo de mentir para todos em sua volta, podendo então buscar sua felicidade sem medo e ser amado por quem se é, não importando sua orientação sexual (PICAZIO, 1998). 

1.2 Hipóteses sobre a Homossexualidade



Há muitas controvérsias sobre a gênese da homossexualidade, os grandes estudiosos almejam muito saber se é determinado geneticamente, se é resultado da educação ou do meio ambiente em que a pessoa é criada.

“Tudo na sexualidade está a serviço da sobrevivência dos indivíduos dos gens ou das espécies (da natureza). No humano, seguramente também. Ainda que, no humano, os caminhos da sobrevivência (no imaginário) atravessam estranhos percursos de morte e de inefabilidade. O homem é anjo e animal, digamos: não é estranho que sua sexualidade seja mistério. Desde os gens até a cultura, nos informam desses assuntos estranhos e misteriosos” (GRAÑA, 1998, p. 110).


O neurobiólogo Roges Goski (Universidade da Califórnia) fez alguns experimentos laboratoriais com hormônios masculinos (testosterona) em fêmeas e observou que desde as primeiras fases de suas vidas, esses animais tendiam para comportamentos mais masculinos (mais agressivas, além de uma maior atração por fêmeas). 



O geneticista Dean Hamer (Instituto Nacional de Saúde dos EUA) garante que a homossexualidade possui uma determinação genética, pois ele afirma ter descoberto genes em uma determinada região, apelidada por ele de GAY-1, associados à homossexualidade. Porém, essa hipótese não possui muita credibilidade no meio científico americano. Esta é uma tese muito discutida, pois tira a homossexualidade no âmbito da escolha (e portanto opção do indivíduo e estilo de vida), trazendo-a como resultado de uma variação genética. 


A nova geração de psicólogos, tende à valorização de relações extra-familiares, ou seja: 

“As relações interpessoais com vizinhos, colegas da escola e da rua, como fatores que mais pesam no desenvolvimento da personalidade, nesse sentido, meninos que se comportam segundo o estereótipo de menino (gostam de brincadeiras mais agressivas, se identificam com heróis, gostam de aventuras, ação, são menos obedientes e se encrencam na escola por má conduta mais que as meninas etc) se diferenciam delas que costumam ter um jeito mais suave e introspectivo. O "normal" nessa cultura é esperar que os meninos sintam-se atraídos pelas mulheres, mas não em ser como elas. Porém, sobram perguntas sem respostas satisfatórias. Como entender as pessoas que desde crianças sentem-se atraídas pelo estilo das meninas? Será que, só por essa tendência, fatalmente desenvolverão homossexualismo ou será apenas uma fase passageira? E as meninas que admiram mais as meninas, que são fascinadas por pessoas famosas, será que estão sendo atraídas a se tornarem homossexuais ou trata-se somente de simples admiração? (LIMA, 2001).”


FERENCZI (1911; 1992, p.117-130) diz que: “a criança, num certo estádio do seu desenvolvimento normal, manifesta sentimentos anfieróticos, quer dizer, ela pode transferir sua libido ao mesmo tempo para o homem (o pai) e para a mulher (a mãe)”. 



Pode ser observado em diversas culturas do mundo que as pessoas podem ter atração pelo mesmo sexo e se distanciar do sexo oposto, ou seja, as amizades são mais fáceis de acontecer em grupos inteiramente masculinos ou inteiramente femininos do que em grupos mesclados. 


Até o presente momento, os estudiosos no assunto, parecem concordar em um ponto: não há como determinar uma causa/ motivo para Homossexualidade. 

1.3 Panorama Sócio-Histórico



FOUCAULT (2005) faz uma análise da ciência do sexo (scientia sexualis), cujo objetivo era obter informações sobre esse aspecto do ser humano. Segundo o autor, a partir dos SEC. XVI e XVII houve uma proliferação dos discursos sobre o sexo, com o claro objetivo de se obter o controle sobre o mesmo. 



No Séc. XIX , torna-se um projeto cientifico, visando produzir verdades sobre o sexo, mas claramente comprometido com o evolucionismo e o racismo oficial. Através do discurso médico, protegido pela pretensa neutralidade cientifica, o sexo passa a ser relacionado a uma “moral de assepsia com interrelação entre o patológico e o pecaminoso, associado à biologia da reprodução” . À ciência, atribuiu-se a tarefa de produzir discursos verdadeiros sobre o sexo, e isto tentando ajustar, “o antigo procedimento da confissão às regras do discurso científico.” (pg. 66). No caso da confissão, os fiéis eram incentivados a contar suas práticas e desejos sexuais, mas com o objetivo de obter controle e poder sobre aquele que confessava, já que era o representante religioso que detinha o poder de condenar ou absolver o confessor. Aos poucos , a noção do sexo ligado a patologia e ao pecado, foi se desvinculando do discurso religioso e “emigrou para a pedagogia, para as relações entre adultos e crianças, para as relações familiares, a medicina e a psiquiatria” (pg. 67). 


A ciência sexual no ocidente difere da Arte erótica existente em países orientais, que busca saber sobre o prazer, não com o intuito de produzir verdades ou domínio sobre o mesmo, mas visando ampliá-lo. Note que enquanto no ocidente a produção de verdades sobre o sexo tinha como objetivo principal a obtenção de domínio e “ assujeitamento”, os orientais, buscavam o prazer que pode ser obtido do sexo. Por isso, para o autor, a homossexualidade é uma forma de romper com o discurso dominante, um ato de rebeldia e não submissão aos poderes estabelecidos e legitimados. Desta forma, a homossexualidade teria um caráter transformador, desafiando regras e convenções. 

2. Aspectos Teóricos



A seguir serão apresentadas algumas explanações teóricas acerca dos principais aspectos tratados neste artigo: 



2.1. Sobre A Educação



A educação sempre esteve presente na humanidade. Os indígenas, por exemplo, passavam para seus filhos tudo o que era essencial para se tornarem grandes guerreiros. Existiam também certas características específicas de cada tribo que eram passadas de pai para filho, não existindo uma escola ou um educador, mas sim, a transmissão de cultura e conhecimento retransmitidos todos os dias para a tribo (BRANDÃO, 1991). 



O processo de educação surge com a família, no momento em que os pais ensinam a seus filhos o que julgam ser certo e como devem ser comportar. Iniciando assim a formação da criança. 


A aprendizagem é um fenômeno natural, no momento em que o bebê vem ao mundo é exposto a vários fatores de aprendizagem, alguns inatos, como a sucção, outros aprendidos culturalmente, como por exemplo, a partir da identificação de sons até a consolidação da fala com uma linguagem específica. A educação está em todo lugar, e em situações completamente diferentes umas das outras, dependendo muito da cultura de determinado povo, porém, não há um único modelo de educação, ela pode estar presente nas escolas, teatros, famílias, etc (BRANDÃO, 1983). 

A escola, por exemplo, faz parte do meio de aprendizagem do indivíduo, pois assim, este é capaz de adquirir conhecimentos referentes a áreas específicas, como por exemplo, Matemática, Geografia, História, Língua Portuguesa, entre outras. Porém a escola não transmite apenas conhecimentos obtidos pela ciência, mas também educa a criança para a vida, dando continuidade ao processo da família. 

O processo de aprendizagem busca desenvolver no indivíduo o interesse, a curiosidade e a motivação, para assim estimular a vontade de aprender. 

“Aprender significa tornar-se, sobre o organismo, uma pessoa, ou seja, realizar em cada experiência humana individual a passagem da natureza à cultura. (BRANDÃO, 2006, p. 22).”


A educação forma a personalidade do indivíduo médio e o prepara para viver a cultura, é pela educação que a gênese da cultura se opera no indivíduo. Pode-se descrever a cultura mostrando como o indivíduo a assimila e como nele se constitui, à medida que ele a vai assimilando. Isto porque a educação é, ao mesmo tempo, uma instituição que o indivíduo encontra e o meio que ele tem para encontrar todas as instituições (DUFRENNE apud BRANDÃO, 2006). 



A formação do adulto é um processo de aquisição pessoal de saber, crença e hábito de uma cultura; essa passagem de cultura de um sujeito para outro é denominada hoje como educação, ou seja, a educação nada mais é do que um processo contínuo que busca a transmissão de conhecimentos, uma relação de troca e de saber entre as pessoas, que visa uma melhor integração individual e social. 


A educação é um processo de produção de conhecimento e qualificações que juntas constroem tipos de sociedades, onde, a educação de uma certa sociedade tem identidade própria, pois ela está estruturada de acordo com a sua cultura. 

2.2. Homossexualidade na Escola



Nos tempos atuais há uma grande necessidade de repensar sobre as relações humanas, focando principalmente na homossexualidade. Mesmo não obtendo respostas dadas pela ciência ou pela psicanálise ajudam na mudança rápida e na opinião das pessoas. Antigamente a homossexualidade era encarada como algo errôneo, mal visto pela sociedade. (MIRELLA, 2009). 



Segundo MIRELLA (2009), estamos em uma face de transição de opinião que vem sendo notório a todos. É comum vermos casais homossexuais em bares, restaurantes, festas, cinemas, e cada dia mais essa liberdade de escolha sexual começa a ser aceita, mostrando a mudança da sociedade. 


Um dos primeiros contatos sociais que a criança e o adolescente encontram em suas vidas são as escolas, onde aprendem lógica, línguas e principalmente sobre outras culturas e sociedades. Porém, nem todos os assuntos são abordados com afinco, como por exemplo, a homossexualidade ainda tratado com preconceito e desinformação. É comum nas escolas brincadeiras de mau gosto, maus tratos físico e/ou verbal ao individuo homossexual, podendo causar-lhe grandes danos psicológicos e morais, sem que os demais percebam e assim dando continuidade as suas “brincadeiras”. As escolas tanto particulares quando publicas deveriam abranger mais sobre esse assunto, dando oportunidade dos alunos se aproximarem mais e de obter mais conhecimento. Normalmente as escolas particulares não dão ouvido ao aluno homossexual que esta passando por problemas na escola, causando um grande impacto na vida social desse aluno. (SANTOS, 2010). 

Aprendemos a viver em sociedade e para a sociedade é na escola que o aluno conhece seus direitos e deveres, se manifesta, constrói sua própria opinião e aceita as diferenças dos outros, o professor entra como um gancho mediador de todo o conhecimento que está sendo construído e se necessário trabalha para modificá-lo. Para se trabalhar com o assunto da homossexualidade em sala de aula, observamos varias dificuldades, como o constrangimento por parte de alguns alunos , por tratar-se de um assunto “reprimido” na sociedade, causando conflitos entre a escola e os pais, que muitas vezes desinformados, julgam a disciplina e assim criam obstáculos. (MIRELLA, 2009). 

A capacitação dos professores e as ações educativas da escola, são fundamentais para favorecer o fortalecimento da educação sexual, focando principalmente nos assuntos sobre homossexualidade e lesbianismo, potencializando a possibilidade de relação humanas mais igualitárias. (MIRELLA, 2009). 

2.3. Homofobia e a Constituição



A homossexualidade não é mais vista como doença, como desvio, como crime pela medicina e psicologia, porém a escola continua a esquivar-se de tratar esse assunto, ou quando tenta mencionar o tema, este vem carregado de preconceitos e piadas contribuindo assim para a exclusão e violência desse grupo social. 



Discutir sobre a homossexualidade é um tabu nas escolas, causando diversas reações, desde surpresa, vergonha e risos a horror, desdém e desconfiança. A homofobia incomoda tanto o homossexual quanto que a reproduz. 

“A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) publicou em 2004 o estudo Juventude e Sexualidade, fruto de uma pesquisa em 14 capitais brasileiras. O levantamento indicou, entre outros tópicos, que cerca de 27% dos(as) alunos(as) não gostariam, por exemplo, de ter um(a) colega de classe homossexual, 60% dos professores(as) não sabem como abordar a questão em sala de aula e 35% dos pais e mães não apóiam que seus filhos(as) estudem no mesmo local que gays e lésbicas. (GUIA PARA EDUCADORES(AS), 2006, p.8).”


A pesquisa realizada pela UNESCO já revela como a maioria das escolas lida com a homossexualidade, esta evita falar ou discutir o tema. 



A homossexualidade nas escolas é muitas vezes vista como uma prática desviante, amoral, fora dos padrões aceitáveis para um processo educativo, ou simplesmente ela é silenciada, percebida, mas ignorada (ABRAMOVAY, 2004). 


Dentro dessa educação homofóbica que vem acompanhada de uma falta de sensibilidade para o diferente acaba-se tendo como resultado o silencio e a dissimulação. A incapacidade de muitas escolas em estudar esse tema, diluir os preconceitos e cessar as piadas, comentários maldosos, transferências de alunos por não adequação à escola e aos padrões por ela imposta, acaba resultando em quando não é possível esconder ou silenciar a manifestação de alunos homossexuais, a homofobia atua da forma cruel e intolerante entre os alunos e com a anuência ou omissão de professores. 

Outra contradição que se pode encontrar na escola é que ao mesmo tempo em que ela reproduz a homofobia negando o reconhecimento para esses sujeitos, esta se alicerça em leis e estatutos que rejeitam qualquer tipo de exclusão, desrespeito a liberdade e integridade humana. Assim, todas as escolas deveriam respeitar a Constituição Federal de 1988, que em seu artigo 5° diz o seguinte: 

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se a todos a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e a propriedade. Ninguém será obrigado fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei. (parágrafo 2º) 

III - Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento desumano ou degradante. 

Também é encontrado no artigo 15 do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990): 

Art. 15 – A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais, garantidos na Constituição e nas leis. 

A homofobia é uma produção histórica cultural que já foi justificada nas ciências e leis, e a escola inserida nessas condições históricas as reproduz e reafirma o que a sociedade exige dela, portanto ela não é criação exclusiva da escola, é produto de toda uma produção histórica ao longo de décadas. 

A homofobia acabou adquirindo explicação para ser praticada e foi banalizada pela sociedade e escola, na qual as atitudes preconceituosas chegam a ponto de tornarem-se normais. 

“A escola deve ser pensada como um ambiente onde valores humanos, igualdade, respeito, solidariedade e democracia sejam os pilares fundamentais, e onde também, a exploração, e qualquer forma de discriminação seja rigorosamente combatida. Um novo mundo está por nascer e, talvez ele dê seus primeiros passos na escola, para isso precisamos tomar consciência da discriminação e aos poucos desconstruirmos preconceitos, racismos, machismos e homofobias (LUCION, 2009, p.14).”


3. Conclusão



De forma geral, o assunto “Homossexualidade” é abordado na escola, porém sem dar muita ênfase, tendo em vista que as principais questões são DST, gravidez, uso de preservativo e prevenção. 



Segundo (LUCION, 2009), a educação sexual não está voltada para a diversidade colocada, mas sim em padrões heterossexuais fixos que acabam produzindo pessoas infelizes, cercadas de culpa por serem diferentes. A sociedade de padrões brancos, masculinos, heterossexuais acaba refletida na escola que segue esses mesmos padrões transformando aqueles que não se encaixam nesse esquema em pessoas indesejáveis, passiveis de serem ridicularizadas, desprezadas, segregadas, vítimas das piores violências e ódio que assim é chamado de homofobia. 


Neste momento encontra-se uma grande contradição, pois o papel da escola e dos educadores é de inclusão. Há programas de inclusão dos portadores de necessidades especiais, inclusão do ensino indígena nas aldeias, da cultura afro, dos adultos para alfabetização e, no entanto, sobre as manifestações de sexualidade a escola mantêm-se silenciosa, contribuindo muito para a pratica da homofobia. 

FERNANDES (2007) analisa a relação da família com adolescentes homossexuais, mas tem seu foco no contexto escolar, uma vez que a escola é o ambiente que deve favorecer o respeito pela diversidade. Embora, na pratica as coisas não sejam bem assim, pois na escola o adolescente homossexual sofre discriminação e preconceito, e dificuldade de aceitação por parte de alunos e professores. Os amigos tendem a se afastar, pois acabam também sendo rotulados como homossexuais e sofrendo o mesmo tipo de discriminação e preconceito. Desta forma, o adolescente homossexual acaba sendo vitima de muito sofrimento, provocado pela rejeição no espaço que deveria servir como mediador e acolhedor destes jovens. Os homossexuais não são vistos como normais e produtivos, gerando um isolamento por parte do próprio sujeito, o que compromete a constituição de sua identidade, fazendo com que o mesmo ou repense sua opção sexual ou se marginalize buscando preservar sua opção. Isto se deve segundo LOURO (apud Fernandes 2007), ao fato de que as pessoas sentem a heterossexualidade ameaçada e se obrigam a afirmá-la de todas as formas possíveis. Na escola, os alunos não são estimulados a serem solidários com seus colegas “diferentes”, étnicos, sexuais ou com necessidades especiais. Vê-se aí, que a escola ao não abordar estas questões, acaba por legitimar as marcas da diferença. Segundo a autora, a sociedade não discute abertamente a homossexualidade, com medo de que isso possa interferir na orientação sexual dos adolescentes, mas que a escola tem a obrigação de discutir o tema, uma vez que é uma instituição social, cuja função é formar cidadãos. 


“A escola deve ser fonte de conhecimento e desmistificação de tabus e preconceitos infundados. A escola se apresenta ignorante quando não aprofunda tais questões, não adianta falar sobre o assunto se a forma de apresentá-lo estiver carregada de preconceitos, sem um preparo do profissional que se dispõe a falar (FERNANDES, 2007).”


Somente através da discussão objetiva, clara e isenta de preconceitos, é possível tratar a sexualidade de forma ampla, dentro do espaço escolar, pois o silencio fortalece o preconceito e a desinformação.

Referências e notas:

  1. Caio Augusto, Caroline Dutcovsky, Maria de Lourdes Palmieri, Michelle Silva e Sthefanny Ferrari, sob orientação do Ms. Marcos Vinicius de Araújo. Curso de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
  2. Psicologado - Artigos de Psicologia. Para acessar clique aqui.



Bibliografia consultada:


  • ABRAMOVAY, M. (Org.). CASTRO, Mary, et al. Juventudes e sexualidade.
  • Brasília: UNESCO, 2004.
  • BRASIL. Estatuto da Criança e do adolescente. 1990.
  • ______. Constituição do Brasil. Brasília, 1998
  • BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é cultura? 26.ª ed. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1991.
  • ______. O que é educação? 10.ª ed. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1983.
  • ______. O que é educação popular? São Paulo: Ed. Brasiliense, 2006.
  • FERENCZI, S. (1911) “O homoerotismo: nosologia da homossexualidade masculina”. In: Obras completas. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
  • FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade I: A Vontade de Saber. Rio de Janeiro: Graal, 16ª ed., 2005.
  • ______. Vigiar e Punir. Tradução de Raquel Ramalhete 29ª Edição Petrópolis: VOZES, 2004
  • GRAÑA, Roberto B. Homossexualidade: formulações psicanalíticas atuais. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
  • GUIA PARA EDUCADORES(AS). Educando para a diversidade. Curitiba: jun. 2006.
  • JUVENTUDES E SEXUALIDADE. UNESCO. Brasília, 2004.
  • PICAZIO, Cláudio. Diferentes desejos: adolescentes homo, bi e heterossexuais. São Paulo: Summus, 1998.



Afinal o que é ser “Pansexual”?




Por redação ADM



A pansexualidade é caracterizada pela atração sexual, afetiva, romântica ou emocional independentemente da identidade de gênero do outro. Inclui, portanto, pessoas que não se encaixam na binária de gênero macho/fêmea, que para a maioria das pessoas significa ser homen/mulher.





Foto: símbolo da pansexualidade. Fonte: internet







A palavra pansexual deriva do prefixo Grego “pan”, que significa "tudo" ou no caso, "todos". "Todos" é uma referência específica aos gêneros (masculino/feminino) em humanos. Em sua forma mais simples, pansexualidade denota o potencial de atração sexual por todos os sexos, ou gêneros. Usa-se para negar a ideia de dois gêneros, ou sexos (como expressado pelo prefixo “bi”).



Algumas pessoas trans e intersexuais se descrevem como "pansexuais", tendo uma percepção íntima que existem muitos níveis entre o masculino e o feminino. Contudo isto não deve ser visto como generalização, já que as pessoas trans podem se identificar como heterossexuais, bissexuais ou homossexuais baseado em sua identidade de gênero, e pessoas cisgêneros (não-trans) podem também se ver atraídas por indivíduos em todo o espectro sexual.



Como o prefixo “pan” refere-se apenas aos gêneros em seres humanos, e não às práticas sexuais, a pansexualidade não implica em atração automática por todas as pessoas. Da mesma forma, também não implica na aceitação de todos os comportamentos sexuais, como as parafilias (por exemplo: incesto, bestialidade, necrofilia, ou fetiches). Como as identidades sexuais mais comuns como homossexualidade e heterossexualidade, a pansexualidade refere-se ao papel do gênero na atração sexual, e não ao papel dos atos e comportamentos sexuais.





Pansexualidade versus Bissexualidade


Os termos "pansexual" e "bissexual" não são mutuamente exclusivos. Bissexualidade pode ser contida na pansexualidade (atração por humanos "masculinos" e "femininos"), mas pansexualidade inclui adicionalmente atração por pessoas de outros gêneros e sexos, como aqueles que se identificam como transgênero, drag queen, drag king ou intersexo. Neste sentido, o termo necessariamente rejeita o conceito de gênero como um binário, algo que alguns bissexuais podem não rejeitar. Pansexualidade já foi descrita como um "meio de evitar os pólos binários e o essencialismo do ‘bi’.”

Segundo Oswaldo Martins Rodrigues Junior* A questão pansexual implica em não se incomodar com o gênero ou as formas de expressões sociais da pessoa para gerar desejo por sexo ou amor romântico.

Nossa cultura tende a ver os conceitos em termos de extremos sem variações intermediárias. No caso sexual, heterossexuais e homossexuais apenas, consideram estes dois extremos, considerando que quem não é homossexual é que “não saiu do armário”.

Esta consideração existe em especial com relação aos bissexuais. No caso de pansexuais teremos pessoas que observam a variedade de expressões fluidas entre os extremos do gênero masculino e do feminino, busca e se sente anteriormente potencialmente atraído por pessoas que tenham variações genitais ou corporais que não são extremadas como macho ou fêmea, ou convivem com a atração sexual por expressões sociais geralmente associadas nos extremos a homens e mulheres. O pansexual compreende a possibilidade de variação e fluidez dos papéis de gênero e outras formas sexuais.

O pansexual, homem ou mulher, estão disponíveis para homens, mulheres, transexuais (pré ou pós operados), interesexuados, assexuados, agenéricos, drag queens ou drag kings.
A pessoa que se considera pansexual o faz de acordo com o que percebe de si mesma, considerando o potencial de atração que sente e tem. Não necessariamente tenha que ter tido variadas experiências sexuais, nem experimentado de tudo, e geralmente não o fará nem o tempo todo, nem talvez por muitos anos.

O começo do século XX trouxe a busca de nomear as formas diferentes de expressões da sexualidade, mas a partir da metade do séc XX grupos praticantes buscaram nomenclaturas que os definissem desde o que sentiam e não uma nomenclatura estatística ou formal. Esta forma das pessoas se explicarem independe das classificações científicas e externas.

Uma importante separação e distinção há de ser feita. Pansexualidade não é um novo gênero. Nem homossexual e nem mesmo transexual não são considerados “gêneros”. A partir da teoria sociológica somente existem dois gêneros: masculino e feminino. As discussões atuais buscam a compreensão de variações intermediárias que são os transexuais ou transgênero (termo criado por Eli Coleman na década de 1990). Ser homossexual, bissexual, assexual ou pansexual implica em preferência sexual, busca por um objeto (gramaticalmente referindo) que satisfaça o desejo sexual.

Uma pesquisa sobre quantos pansexuais existem não é fácil de empreender. As pessoas que se consideram pansexuais não o são pela maioria das outras pessoas que desconsideram essa classificação.

A expressão pansexual ainda é pequena e pouco ocorre, seja em jovens, seja em adultos. A maior parte das pessoas que se compreendem pansexuais já tem de 3 a 4 décadas de vida, pois implicou em desenvolver qualidades de formas de compreensão e administração das interfaces sociais relacionadas a assertividade, expressividade emocional e convívio com barreiras sociais, sem se prejudicarem, sem serem objeto de preconceito do grupo no qual vivem.

Pansexuais não são compreendidos pelas pessoas que não partilham dos mesmos desejos. O diferente sempre é mais difícil de compreender. Isto se deve aos mecanismos cognitivos que o atual estágio de evolução psicossocial permite produzir. A vida sexual pertence à esfera da vida privada, portanto pouco suscetível e mudanças por métodos pedagógicos, não sendo mutáveis por informação. Assim a evolução cognitiva nestes campos é mantida em fases anteriores do desenvolvimento, significando que a maioria das pessoas será incapaz de compreender algo de modo abstrato, apegando-se a contextos concretos e utilizando mecanismos cognitivos infantis, a exemplo de compreensão dos conceitos e da realidade através dos extremos, sem percepções intermediárias.

Um exemplo que se pode ver na televisão é o extraterrestre do filme de animação adulto “American Dad”, de nome Roger, que se identifica como pansexual e demonstra comportamento errático de atração sexual. Ser pansexual não significa ter problemas psicológicos.

Não será a preferência sexual objetal que define as características de personalidade. Uma pessoa que se designe pansexual pode ou não ter relacionamentos prolongados, dependendo de muitos outros fatores, inclusive o de sucesso anterior em relacionamentos afetivos e sexuais satisfatórios que promova um relacionamento prolongado.

Foto: Postcard amor pansexual. Fonte: internet


Alguns autodenominados pansexuais explicam-se de atitude e preferências fluidas a ponto de não se fixarem num único relacionamento. Outros demonstram a necessidade de fixarem um relacionamento e desenvolverem outros em paralelo para se identificarem como pansexuais.

Não é comum recebermos pessoas que se denominam pansexuais para tratamento psicológico. Ser pansexual não implica em ser necessário submeter-se a um tratamento psicológico. O que pode mais facilmente ocorrer seria uma pessoa pansexual buscar tratamento psicológico para adaptar-se socialmente ou num casamento, buscando adequar-se ou equilibrar-se no meio social em que vivem.

Variações do tema pansexual devem ser o futuro, compreendendo todas as variações que sempre existiram, quer compreendamos ou não, aceitemos ou não. A expressão social das variações depende de como determinado momento social e histórico faz bom uso de determinada expressão sexual.

Mesmo quando não existia um nome para designar a homossexualidade (nome criado em 1867), havia homossexuais ou bissexuais e em muitos momentos e culturas considerados normais…

Hoje falamos de pansexuais… mas eles sempre estiveram entre nós. Nós precisamos compreender e aprender a conviver, o que implicam em mudarmos nossos valores atuais.


Referências e notas:


  1. Pesquisas sobre o tema "Pansexualismo". Redação ADM (Rute Gouvêa).
  2. Oswaldo Martins Rodrigues Junior* É Psicólogo pela Universidade São Marcos (1984) e mestre em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1996). Atualmente é diretor e psicoterapeuta do Instituto Paulista de Sexualidade - Clinica de Psicologia e Sexualidade (desde 1996), Editor Chefe da revista Terapia Sexual (desde 1998), Membro do Advisory Committee da World Association for Sexual Health (2001-2009), membro do Conselho de Orientação e Administração da ABEIS - Associação Brasileira para o Estudo da Inadequação Sexual (desde 1987). Participa de pesquisas em sexualidade e instrumentos psicológicos em psicoterapia sexual pelo GEPIPS - Grupo de Estudos e Pesquisas do InPaSex. Experiência em Psicologia clínica, com ênfase em Intervenção psicoterapêutica: terapia sexual, sexualidade, sexologia, parafilias, disfunções sexuais e disfunção erétil.
  3. Wikipédia. A enciclopédia livre. Pesquisa verbete Pansexualidade.
  4. Dicionário Informal. Pesquisa verbete Pansexual.
  5. OMS. Organização Mundial de Saúde. Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: OMS; 1993.






Além do X e do Y

por Sally Lehrman*

Foto: Símbolos dos sexos, o verde representa o transgênero, 
o azul o masculino, o rosa o feminino. Fonte: Web montagem ADM




Bebês que nascem com órgãos sexuais anômalos são freqüentemente operados de imediato. Para o médico Eric Vilain, porém, estudos genéticos devem motivar novas reflexões sobre o papel de médicos e psicólogos nessas situações.



Há duas décadas, durante o curso de medicina , Eric vilain conheceu um centro de referência francês para bebês com genitália ambígua. No hospital onde estagiava, em Paris, viu médicos examinando a anatomia de recém-nascidos e decidindo rapidamente: menino ou menina. Jovem e chocado, Vilain observou que as decisões pareciam orientar-se preponderantemente pelas crenças sociais dos médicos. “Eu vivia perguntando: ‘Como você sabe?’”, lembra ele. Afinal, os genitais podem não corresponder ao órgão reprodutor interno da criança. 



Por coincidência, Vilain leu naquele período os diários de Herculine Barbin, uma hermafrodita do século XIX. Sua história de amor e infortúnio, editada pelo filósofo e cientista social Michel Foucault, aguçou seu questionamento. Ele então decidiu descobrir o que a “normalidade” sexual de fato significava – e encontrar respostas para a biologia das diferenças entre os sexos.



Hoje, esse francês de 40 anos é um dos poucos geneticistas nos quais pais e médicos se apóiam para compreender as situações pouco usuais da determinação do sexo de uma criança. Em seu laboratório de genética na Universidade da Califórnia em Los Angeles (Ucla), suas descobertas levaram a uma melhor compreensão técnica neste campo e também a procedimentos mais conscienciosos. “O que realmente importa é o que as pessoas pensam sobre o próprio gênero, e não o que sua família ou médicos acham que elas deveriam ser”, diz. Estima-se que a ambigüidade genital ocorra em um a cada 4.500 nascimentos, e problemas como testículos que não descem, em um a cada 100. No total, os hospitais americanos realizam cerca de cinco cirurgias de atribuição de sexo por dia.



O trabalho de Vilain ajudou a derrubar algumas velhas idéias sobre a determinação de gênero. Há muito tempo, os estudantes vêm aprendendo que o caminho do desenvolvimento do sexo masculino é “ativo”, guiado pela presença do cromossomo Y. Por outro lado, a via feminina é passiva, uma rota padrão. O fisiologista francês Alfred Jost, realizando experimentos nos quais embriões de coelhos castrados se tornavam fêmeas, reforçou essa idéia na década de 40.



Em 1990, quando estava na Universidade de Cambridge, Peter Goodfellow descobriu o SRY, um gene localizado no cromossomo Y aclamado como uma “chave mestra”. A mudança de apenas um par de bases nessa seqüência produz uma fêmea em vez de um macho. E quando os pesquisadores integraram o SRY em um camundongo que era cromossomicamente fêmea, esse feto XX se desenvolveu como macho. 



Mas estudos de Vilain e outros sugerem um quadro mais complexo. Vilain propõe que o SRY funciona bloqueando um gene “antitestículos”. Assim, crianças do sexo masculino que possuem o SRY, mas também dois cromossomos femininos, apresentam características que vão de masculinas normais até uma mistura ambígua. Além disso, experimentos revelaram que o SRY pode reprimir a transcrição gênica, indicando que ele opera através de interferência. Finalmente, em 1994, o grupo de Vilain demonstrou que um macho pode se desenvolver sem o gene. Vilain propôs um modelo no qual o gênero é fruto da interação entre vários genes pró-masculinos, antimasculinos e, possivelmente, pró-femininos. 



Cabe lembrar que, nos últimos anos, os geneticistas descobriram evidências de uma determinação feminina ativa. O DAX1, localizado no cromossomo X, parece iniciar a via feminina ao mesmo tempo que inibe a formação dos testículos – a não ser que esse gene já tenha sido bloqueado pelo SRY. Com DAX1 demais, uma pessoa com o par XY nasce mulher. A equipe de Vilain descobriu que outro gene, o WNT4, funciona de maneira semelhante para determinar a formação como mulher. Os pesquisadores descobriram que esses dois genes trabalham juntos contra o SRY e outros fatores pró-masculinos. “A formação dos ovários pode ser tão coordenada quanto a determinação dos testículos, o que é consistente com a existência de uma ‘chave ovariana’”, relataram o geneticista David Schlessinger e colaboradores em artigo no periódico Bioessays, em 2006.



Hoje Vilain estuda os determinantes moleculares do gênero no cérebro e sua ligação à identidade sexual. Ele está certo de que os hormônios sexuais não guiam o desenvolvimento neural e as diferenças comportamentais sozinhos. O SRY é expresso no cérebro, ele lembra, sugerindo que os genes influenciam diretamente a diferenciação sexual do cérebro. Seu laboratório identificou 50 novos genes candidatos localizados em diversos cromossomos. Sete deles começam a operar diferentemente no cérebro antes da formação das gônadas. A equipe de Vilain e um grupo australiano estão testando essas descobertas em camundongos.



Esse trabalho, bem como grande parte dos esforços de Vilain, estende-se para um terreno bastante delicado. O pesquisador lida com a situação assumindo suas descobertas de maneira conservadora. “Você também precisa levar em conta os sentimentos sociais”, explica ele. Por isso, concordou com alguns ativistas de gênero que propuseram a revisão do vocabulário usado para descrever bebês de anatomia sexual ambígua. 



Ele costuma dizer a geneticistas, cirurgiões, psicólogos e outros especialistas em congressos e outros eventos, que termos como “hermafrodita”, “pseudo-hermafrodita” masculino ou feminino e “intersexo” são vagos e nocivos. Ante a explosão de novas descobertas genéticas, ele encorajou os colegas a, em vez de referir-se à confusa mistura de genitais e gônadas do recém-nascido, adotar uma abordagem mais científica.


CIRURGIAS SECRETAS



No lugar do termo “hermafrodita”, por exemplo, Vilain recomenda “transtorno do desenvolvimento sexual” (DSD, na sigla em inglês), ou a expressão mais precisa “DSD ovotesticular”. Muitos concordam, mas nem todos aceitam a nova terminologia. Alguns que preferem o termo “intersexo” acham “transtorno” pejorativo. Milton Diamond, que estuda a identidade de gênero na Universidade do Havaí, reclama que o termo estigmatizaria quem nada tem de errado em seu corpo. 

No entanto, mudar a terminologia é uma realização para Cheryl Chase, diretora executiva da Sociedade Intersexo da América do Norte (Isna, na sigla em inglês). Chase luta há anos contra as cirurgias “secretas”, realizadas às pressas para confortar pais e ajustar a anatomia. Lembrando-se de como um médico a chamou uma vez de “ex-intersexo,” ela espera que os médicos comecem a ver as características misturadas de gênero como uma condição médica para a vida toda, e não como um problema a ser resolvido rapidamente.

Para ela, Vilain tem sido um aliado valioso. “Espero que a nova terminologia médica para o DSD apresente o que ironicamente descrevo como ‘efeito colateral interessante’: a aplicação da ciência médica nas decisões clínicas relacionadas à ocorrência do sexo ambíguo”, diz.

Esse novo consenso sobre o manejo de transtornos intersexuais encoraja os médicos a encarar o paciente além dos órgãos sexuais. É importante a atribuição de gênero rápida mas uma abordagem mais cuidadosa com relação à cirurgia também é imprescindivel. A família deve participar das decisões com uma equipe multidisciplinar, incluindo profissionais de especialidades como psicologia e ética. Mas Peter A. Lee, um endocrinologista pediátrico da Escola de Medicina do Penn State College, alerta que ainda há muitas lacunas a preencher. Afinal, médicos não têm idéia de como sua escolha afetará os pacientes pelo resto da vida. Talvez este seja um campo a ser melhor ocupado pelos profissionais que estudam o psiquismo humano.

Referências e notas:

  1. *Sally Lehrman. Jornalista e escritora premiada. Seus temas são sobre a medicina e a ciência política. Algumas de suas matérias foram publicadas no Scientific American, Nature, Health, Salon.com, and the DNA Files, distributed by NPR. Ela é autora de Notícias do New America, onde faz uma nova abordagem sobre o desenvolvimento de uma sociedade inclusiva nos meios de comunicação norte-americanos.
  2. Fonte: www.uol.com.br - Edição 188 - 05 de set./2008.
  3. Foto: Web montagem ADM.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradecemos por seu comentário. Volte sempre!