29/11/2013

Os 10 fetiches sexuais mais lembrados

Por redação ADM

No fetichismo, o meio preferido ou único de atingir satisfação sexual é manipulando e/ou observando objetos, não animados, intimamente associados ao corpo humano (por exemplo: roupa intima) ou peças de vestuário feitas de borracha, cabedal ou seda, para mencionar apenas os mais comuns. A atividade sexual pode dirigir-se ao fetiche (masturbação enquanto beija, esfrega, cheira o objecto do fetiche) ou o fetiche pode ser incorporado na relação sexual, pedindo ao parceiro(a), por exemplo, que use sapatos de salto alto ou botas de cabedal. Há também a satisfação sexual buscada nas interpretações sexuais, onde o(a) parceiro(a) comporta-se como secretária, médica, enfermeira, adolescente, policial, um bombeiro, um mecânico, etc. A seguir veja os 10 mais desejados fetiches.


1. Dominar/ser dominado: 


A dominação parece ser um dos fetiches mais comuns entre homens e mulheres, não é diferente para os gays (feminino ou masculino). Dominar e ser dominado, remota a era de nossos ancestrais, onde éramos ainda primitivos e quem dominava ficava com quantos e com quem quisesse! Embora as mulheres heterossexuais e os gays masculinos adorem homens fortes, também adoram vê-los implorando por eles na cama, estando no controle e tendo total devoção do parceiro. Já as mulheres gays, em sua maioria adoram as mulheres femininas, mas, no fundo, existe a fantasia de ser dominada por uma mulher e que ela implore por seus toques e carícias. De um modo geral, todos gostam que seus parceiros(as) não tenham medo de demonstrar domínio e de serem dominados, de fantasiarem juntos. Sentir os dedos do parceiro(a) segurando firme seu corpo contra o seu segurando seus cabelos com certo domínio, pois, cabelo é tudo para uma mulher e testosterona é tudo para um homem, eles querem possuir ou serem possuídos entre quatro paredes. Ao estilo “50 Tons de Cinza”, pesquisas comprovam: submissão e dominação é um dos maiores fetiches tanto para homens quanto para mulheres. Os papéis podem variar; alguns homens gostam de mandar, prendendo a mulher com algemas, vendando-a, provocando seus sentidos. Outros preferem mulheres dominadoras, que tomam todas as decisões na hora H.


Foto: bandeira de orgulho "leather" (couro), que se tornou
símbolo das subculturas BDSM (Bondage", Dominação, Sadismo, Masoquismo)
e fetiches. Fonte: Wikimedia Commons


2. Uniformes/lingerie:


Muitos adoram a ideia de se fantasiar de colegiais e provocar a visão de seu parceiro(a) e seu prazer. Muitos ainda vão provocá-lo(a) até ser irresistível ficar longe do corpo deles e a maioria espera levar umas belas palmadinhas pois não fizeram o “dever de casa” corretamente. Sim, as palmadinhas mostram não apenas uma relação de dominação, como também ajuda a embarcar num clima muito quente. Médico(a), enfermeiro(a), policial, secretária, coelhinho(a), diabinho(a)... Na hora de escolher o uniforme sexy, o que não falta é opções. Descubra qual a fantasia sensual que mais atrai o seu parceiro(a) e se jogue! Não esqueça do salto alto, peça fundamental no imaginário masculino e do imaginário gay feminino. Ver a mulher em uma lingerie sensual, com tecidos como ceda e cetim, estimula a imaginação tanto dos homens quanto das mulheres gays. Vão ficar loucos querendo ver o (pouco) que está escondido. Abuse das cintas-ligas, meias 7/8, salto fino, e em cores como o vermelho e o preto, para que seu parceiro(a) fique ainda mais excitado(a). Algumas mulheres e gays adoram fantasiar seus parceiros com sungas brancas bem apertadas. Às vezes, um decote pode ser mais atraente do que a visão completa dos seios. Isso porque imaginar o que tem além do decote é um poderoso afrodisíaco. Aposte em roupas que mostrem um pouco mais de pele, mas sem ser vulgar. O segredo do decote é mostrar partes estratégicas, enquanto esconde o principal. Vale tanto para os homens quanto para as mulheres.


3. Sexo com um desconhecido: 


A maioria das pessoas não pensa no assunto, por tabu, preconceito ou medo, mas algumas pessoas realmente curtem a ideia. Fazer sexo com alguém com quem não tem qualquer tipo de ligação pode ser muito prazeroso e eles imaginam que encontrarão uma pessoa extremamente sensual que vai se aproximando para levá-los a um local reservado onde o clima pode pegar fogo, um elevador, um canto escuro de um bar ou a meia luz, em um local bem informal e casual.
Foto: sombra de um(a) estranho(a). 
Fonte: banco de dados web


4. Ménage à trois com outra mulher: 


"Ménage à trois" ou simplesmente "ménage" é uma expressão de origem francesa cujo significado originalmente denominava um domicílio habitado por três pessoas em vez de um casal. Sua tradução literal é "moradia a três". Atualmente é utilizada para designar os relacionamentos sexuais entre três pessoas.

O ménage feminino (um homem e duas mulheres) ficou mais conhecido, mas hoje alguns casais também convidam homens para compartilhar momentos de prazer, alguns até chamando um número bem maior de homens, sendo assim uma orgia. Muitas mulheres heterossexuais têm manifestado a vontade de ir para a cama com outra mulher. Todavia, elas não querem ver o parceiro se divertir com a garota, porque sentem ciúmes. Ela é que seria o centro das atenções, enquanto o parceiro só observa. Ter prazer ao lado de duas mulheres com corpos lindos e bronzeados é também uma das fantasias mais recorrentes entre as mulheres gays, para muitas também é um tabu esse tipo de relacionamento. A ideia é que elas se sintam ninfas envoltas em um sonho totalmente afrodisíaco e sensual, onde a beleza, a suavidade, os toques, as caricias e beijos complementam todo o ato sexual, podendo todas atingir múltiplos orgasmos.



Foto: Mulheres vestindo calcinha fio dental feminina. 
Fonte: Wikimedia Commons


5. Ménage à trois com dois homens: 


Ser adorada por dois homens lindos e heterossexuais é uma das fantasias mais recorrentes entre as mulheres heterossexuais, também é considerada um tabu para muitas. A ideia é que ela seja o centro das atenções e ações, sem necessariamente passar por uma dupla penetração, por exemplo. Já os gays masculinos, fantasiam também em fazer sexo com mais de um parceiro ao mesmo tempo, saunas, piscinas, uma praia deserta, o topo de uma montanha dão mais paixão a essa fantasia.


Foto: Ménage à trois. Fonte: banco de dados web


6. Voyeurismo: 


Sabe-se que os homens são mais visuais e se excitam apenas com imagens, mas as mulheres também curtem observar um casal "em ação". A fantasia pode ser em observar o(a) vizinho(a), uma orgia ou um casal no parque.

Foto: Girl wearing a black latex catsuit by House 
of Harlot. Autor: Adrian

7. Uso de força/dominatrix: 


Dominatrix (do latim "dominatrix", que significa "mulher dominadora" ou "mestra") é uma mulher que exerce o papel "dominadora" em práticas de BDSM (Bondage", Dominação, Sadismo, Masoquismo). Não, ninguém quer ser estuprado. Nessa fantasia, há apenas uma pessoa linda que levaria você para a cama e "mandaria ver", mesmo diante de seus protestos e de você se debatendo continuaria seus carinhos e apertos, no fundo você está adorando cada minuto. Existe uma área no dominatrix em que a dor é inclusa. As pessoas dominantes adoram dar tapinhas no bumbum com a mão ou um chicote (que deve ser do material apropriado para isso), puxar o cabelo ou até pingar cera de vela no corpo é um dos prazeres mais intensos nesse tipo de relação. E, o mais importante: nunca ultrapasse o limite entre a combinação de dor e prazer. É preciso muito cuidado e confiança para que essa prática seja feita de forma segura.

Foto: Maîtresse Françoise: dominatrix profissional 
francesa. Fonte: Wikimedia Commons


8. Exibicionismo: 


Mesmo que seu parceiro(a) torça o nariz quando você sugere gravarem alguns vídeos eróticos, pode apostar que já fantasiaram com os amigos(as) sobre a ideia. Se ele(a) e você for bastante seguro em relação ao corpo pode rolar. Alguns imaginam até outras pessoas assistindo, adoram a possibilidade de se exibir em locais públicos fazendo amor com alguém. Muitos gostam de assistir filmes pornôs. Isso fica claro quando vemos o grande consumo da indústria de filmes adultos. Imagina então assistir ao seu próprio sexo? É um fetiche e tanto! Contanto que sejam tomados alguns cuidados para que a gravação não caia em mãos erradas, filmar você e seu parceiro(a) durante o sexo pode ser divertido e sexy, tanto pela ideia de estar sendo filmados, quanto pela oportunidade de se verem mais tarde. Nada como a sensação do proibido junto com o medo de ser descoberto. O sexo em lugares públicos é um fetiche tanto masculino quanto feminino e transforma qualquer rapidinha em uma aventura, que pode proporcionar um prazer intenso, além de fortalecer a cumplicidade do casal. Exibicionismo é a manifestação do desejo incontrolável de obter satisfação sexual exibindo os órgãos genitais a outros.


Foto: Uma mulher nua se exibindo na rua 
em Budapeste. Autor: desconhecido


9. Strip-tease: 


O strip-tease era considerado imoral e proibido. No começo, as artistas usavam pretextos como "apresentações fieis" de teatros greco-romanos. Logo após um tempo, o strip-tease foi completamente abolido. Apenas nos anos 50 e 60, com a explosão de movimentos considerados "anti-moralistas" (para a época), como o próprio feminismo, que o strip-tease pôde ser legalizado. Se te falta coragem para tirar a roupa em público, para muitos(as) sobra vontade de fazê-lo entre quatro paredes. Algumas pessoas adoram a possibilidade de excitar seu(a) parceiro(a) por meio de uma dança sensual, ver a cara de bobo(a) mostra o quanto o(a) acha atraente e o quanto ele(a) está no controle. Deixe a vergonha de lado! Você pode descobrir que é bem mais sensual do que imaginava!


Foto: Strip-tease feminino. 
Fonte: Wikimedia Commons

10. Sexo anal


Para alguns, é uma prática comum. Para outros, um tabu. Mas não se pode negar que os homens a-d-o-r-a-m. Se feito com cuidado e higienização corretos, proporciona prazer aos dois. Se você ainda não se aventurou por esses lados, que tal conversar com seu(a) parceiro(a) sobre ter uma experiência?



Descubra qual ou quais papéis se encaixam melhor para você e para seu(a) parceiro(a) e desvende os prazeres de se entregar completamente a ele(a)!

Está pronto(a) para se jogar nessas experiências sem medo? Que tal convidar seu(a) parceiro(a) para colocar estas dicas em prática?


Fontes e referências:


  1. Textos: redação ADM. Pesquisas na internet e em revistas femininas e gays.
  2. Fotos: Banco de dados web. Wikimedia Commons.



25/11/2013

Boterosutra. O "Kamasutra plus size" de Fernando Botero

Por Tatiana Escárraga*


O kamasutra retratado pelas pinceladas de Fernando Botero, em uma versão inusitada e criativa: "Boterosutra"



Foto: foto do autor Fernando Botero

Fernando Botero, nasceu em Medellín no ano de 1932, e é sem dúvidas um dos mais renomados pintores da atualidade, mesmo com 81 anos de idade continua em plena atividade e superando a si mesmo, com suas novas descobertas. 

Foto: um dos 70 desenhos do livro Boterosutra. Autor: Fernando Botero

Em sua nova série intitulada Boterosutra, Botero, recria imagens do antigo livro erótico Kamasutra em uma sequência de 70 imagens produzidas a partir de técnicas distintas, como: aquarela, carvão, lápis, pastel e giz vermelho. 
Onde, cinquenta desses desenhos serão expostos na galeria Gmurzynska em Saint Moritz, na Suíça, no período de dezembro (2013) à janeiro (2014). Esta é, de acordo com Botero, uma das obras mais eróticas de sua carreira, talvez esta possa ser a sua maior exposição.


Foto: um dos 70 desenhos do livro Boterosutra. Autor: Fernando Botero

Leia a seguir, a entrevista feita para o jornal, El Tiempo. Edição de 23 de novembro de 2013.

Como surgiu o 'Boterosutra?

"Em maio eu estava na Itália trabalhando em uma escultura de uma mulher reclinada e não consegui encontrar a solução da composição como eu queria. De repente, ocorreu-me que se você colocar uma figura masculina acima, como se fizessem amor, poderia conseguir uma melhor composição. Eu nunca tinha feito nada parecido com isso. E eu pensei que tinha encontrado uma composição muito importante para determinadas artes plásticas. Terminei a escultura, fiz um segundo, depois um terceiro e eu estava entrando no assunto de forma gradual. Então eu comecei a desenhar e ler o Kamasutra por curiosidade. Eu pensei que era um livro que mostrou muitas posições amorosas, mas a verdade é que há muito pouco sobre isso, pois se trata de um tratado de amor." Fernando Botero.

Foto: um dos 70 desenhos do livro Boterosutra. Autor: Fernando Botero

O erotismo veio como solução para as artes plásticas...

Tudo começou como uma solução e ainda é, porque a verdade é que o objetivo deste não é excitar ninguém, é uma criação de arte. Para mim, o mais importante é a arte, algo inesperado. E isso é uma questão que tem sido abordada por grandes artistas ao longo da história. Há uma grande tradição da arte baseada em erotismo, que era muito grave. Os gregos, os persas, até a era moderna ... 

Foto: um dos 70 desenhos do livro Boterosutra. Autor: Fernando Botero

Courbet (século XIX) fez três ou quatro extraordinárias obras sobre o erotismo. Então, Lautrec, Picasso... fizeram obras muito importantes e que chocaram o mundo da arte nos anos 30. Balthus tem um que é chamado de "aula de violão", um quadro muito famoso e altamente erótico.

Foto: um dos 70 desenhos do livro Boterosutra. Autor: Fernando Botero

Eu quero dizer um detalhe legal: um dia eu fui para a casa do poeta francês Paul Eluard e de repente eu vi a foto (aula de violão), que eu admirava muito. A viúva do poeta me chamou dois meses depois e quis que eu comprasse o quadro. O desenho de Balthus, que é uma coisa bonita, está no Museu Botero em Bogotá.

Foto: um dos 70 desenhos do livro Boterosutra. Autor: Fernando Botero


Leia a matéria na íntegra clicando aqui.


Referências e notas:

  1. *Tatiana Escárraga. Jornalista, colunista do jornal El Tiempo na cidade de Bogotá.
  2. Jornal El Tiempo. Edição de 23 de novembro de 2013.
  3. Fotos: Fernando Botero.

20/11/2013

Poliamor

Por redação ADM

Foto: símbolo do poliamor. Fonte: Wikimédia Commons

Poliamor (do grego πολύ - poli, que significa muitos ou vários, e do Latim amor, significando amor) é a prática, o desejo, ou a aceitação de ter mais de um relacionamento íntimo simultaneamente com o conhecimento e consentimento de todos os envolvidos, não devendo no entanto ser confundido com pansexualidade.

Poliamor é frequentemente descrito como consensual, ético, responsável e não-monogâmico. A palavra é por vezes utilizado num sentido mais amplo para se referir a relações sexuais ou romântico que não incluem apenas sexo, embora haja discordância sobre quão amplamente se aplica; a ênfase na ética, honestidade e transparência como um todo é amplamente considerada por seus defensores como crucial para definir sua característica. 

Em outras palavras, o poliamor como opção ou modo de vida, defende a possibilidade prática e sustentável de se estar envolvido de modo responsável em relações íntimas, profundas e eventualmente duradouras com vários parceiros simultaneamente. 

O Poliamor como movimento é mais visível e organizado principalmente nos Estados Unidos, acompanhado de perto por movimentos na Alemanha e Reino Unido. No Brasil, já há até jurisprudência reconhecendo relações poliamorosas, sendo uma das principais estudiosas do assunto no país, a Dra. Regina Navarro. Recentemente, a imprensa em geral tem feito a cobertura quer do movimento poliamor em si, quer dos episódios que lhe estão ligados. Em Novembro de 2005 realizou-se a Primeira Conferência Internacional sobre Poliamor (International Conference on Polyamory & Mono-Normativity) em Hamburgo, Alemanha. 

A palavra em si já foi inventada várias vezes, a maior parte das quais sob a forma de adjetivo (inclusivamente utilizado para referir Henrique VIII, Rei da Inglaterra). Existe publicada em Português uma breve história sobre a palavra. 

Formas de Poliamor


Existem várias maneiras de o pôr em prática, consoante às preferências dos interessados, e necessariamente deve envolver o consentimento e a confiança mútua de todas as partes envolvidas. 

Polifidelidade: envolve múltiplas relações românticas com contacto sexual restrito a parceiros específicos do grupo. 

Sub-relacionamentos: distinguem-se entre relações "primárias" e "secundárias" (um exemplo é a maioria dos casamentos abertos) 

Poligamia (poliginia e poliandria): uma pessoa casa com diversas pessoas (estas podem ou não estarem casadas ou terem relações românticas entre elas). 

Relações em Grupo/casamento em grupo: todos se consideram associados de forma igualitária. 

Popularizado até certo ponto por Robert A. Heinlein, em romances como: Stranger in a Strange Land e The Moon Is a Harsh Mistress, Starhawk nos seus livros The Fifth Sacred Thing e Walking to Mercury. 

Redes de relacionamentos interconectados: uma pessoa em particular pode ter relações de diversas naturezas com diversas pessoas. 

Relações Mono/Poli: um parceiro é monogâmico, mas permite que o outro tenha relações exteriores. 

Os chamados "acordos geométricos", que são descritos de acordo com o número de pessoas envolvidas e pelas suas ligações. 

Exemplos incluem "trios" e "quadras", assim como as geometrias "V" e "N". O elemento comum de uma relação V é algumas vezes referido como "pivô" ou "charneira", e os parceiros ligados indiretamente são referidos como os "braços". Os parceiros-braço estão ligados de forma mais clara com o parceiro pivô do que entre si. Situação contrastante com o "triângulo", em que todos os 3 parceiros estão ligados de forma equitativa. Um trio pode ser um "V" , um triângulo, ou um "T" (um casal com uma relação estreita entre si e uma relação mais tênue com o terceiro). A geometria da relação pode variar ao longo do tempo. 

Algumas pessoas em relações sexuais e/ou emocionais exclusivas podem, mesmo assim, auto-intitularem-se poliamorosas, se tiverem laços emocionais relevantes com outras pessoas. Adicionalmente, pessoas que se descrevem como poliamorosas podem entrar em relações monogâmicas com um determinado parceiro, quer por terem negociado a situação, quer por se sentirem bem com a situação monogâmica com aquele parceiro em particular. Alguns praticantes do poliamor são adeptos do swing

Relações abertas 


Foto: Polyamory contingent. Parada do poliamor em San Francisco EUA, 2004. 
Fonte:  Wikimédia Commons

A expressão relacionamento aberto indica uma relação afetiva estável (usualmente entre duas pessoas) em que os participantes são livres para terem outros parceiros. Se o casal que escolhe esta alternativa é casado, fala-se em casamento aberto. "Relação aberta" e "poliamor" não são sinônimos. Em termos genéricos, "aberto" refere-se a uma não exclusividade sexual no relacionamento, enquanto o poliamor envolve a extensão desta não exclusividade para o campo afetivo ao permitir que se criem laços emocionais exteriores à relação primordial com certa estabilidade. 

Alguns relacionamentos definem regras restritas (ex: polifidelidade); estas relações são poliamorosas, mas não abertas. 

Alguns relacionamentos permitem sexo fora da relação primária, mas não uma ligação emocional (como no swing); estas relações são abertas, mas não poliamorosas. 

Alguns poliamorosos não aceitam as dicotomias de "estar numa relação/não estar numa relação" e "parceiros/não parceiros". Sem esta separação não faz sentido classificar uma relação de "aberta" ou "fechada". 

Grupos de Suporte e Intervenção 


Poliamor como modo de vida pode, em muitas sociedades, ser contra as normas de comportamento geralmente aceitas (mesmo quando respeita as leis vigentes). Assim, os seus praticantes e/ou simpatizantes sofrem pressão mononormativa para se adequarem à norma de comportamento. Para se ajudarem mutuamente ou conhecerem pessoas com modo de vida semelhante, simpatizantes e praticantes do poliamor têm-se constituído em redes locais ou virtuais de suporte, discussão ou mesmo intervenção social (usando extensivamente a internet). Neste último caso, poli-ativistas procuram intervir na sociedade em que se inserem, tentando criar uma imagem positiva e merecedora de respeito junto à sociedade majoritária. Por outro lado, consideram que a ajuda e o suporte emocional por vezes lá prestado constitui por si mesmo uma forma de intervenção social. Dirigido a Portugal e/ou às comunidades de língua portuguesa, existe o Poly Portugal. Existem outros grupos semelhantes no Brasil.


Livros

  • A Convidada (Simone de Beauvoir), romance baseado em episódios reais de sua própria experiência com seu marido e Olga Kosakiewicz.
  • Dona Flor e seus dois maridos (Jorge Amado), no qual discute-se à exaustão os limites da fidelidade e do amor.
  • The Ethical Slut (Dossie Easton e Catherine A. Liszt)
  • Geta (Donald Kingsbury), livro de ficção científica onde se abordam os casamentos de grupo.
  • Friday (Robert A. Heinlein), livro de ficção científica sobre uma mulher geneticamente melhorada. Ao longo do livro ela faz parte de vários casamentos de grupo.
  • As Historietas de Alice (Elise Hirako), livreto de contos e ilustrações que abordam o tema onde Alice e Anita são formas de amar.

Filmes

  • Vicky Cristina Barcelona (Vicky Cristina Barcelona)
  • Whatever Works (Tudo pode dar certo)
  • Jules et Jim (Uma mulher para dois)
  • Y tu mamá también (E Sua Mãe Também)
  • The Dreamers (Os Sonhadores)
  • Too Much Flesh (Portugal: Demasiada Carne/Brasil: À Flor da Pele)
  • Threesome (Três Formas de Amar)
  • Les Chansons d'amour (Canções de Amor)
  • Drama 2010 (Drama 2010)
  • Dieta Mediterrânea (Dieta Mediterrânea)
  • Kinsey (Vamos falar de sexo)

19/11/2013

Dica de filme: "Tatuagem"

Filme "Tatuagem"

Por Marcos Henderson (AB) e redação ADM



Sexta-feira passada (15), teve a estréia do filme “Tatuagem”, um drama gay que venceu os festivais do Rio e de Gramado. Dirigido por Hilton Lacerda, o longa promete emocionar o espectador, como aconteceu na sessão especial do dia 13, aberta ao público, no Cinema do Dragão-Fundação em Fortaleza. 



A trama acontece em 1978, e mostra reflexões e confrontos de uma difícil geração, analisados sobre o aspecto e realidade de periferia. Clécio Wanderley (Irandhir Santos) é o líder do cabaré anarquista “Chão de Estrelas”, que realiza shows repletos de deboche e cenas de nudez. A principal estrela da equipe é Paulete (Rodrigo Garcia), com quem Clécio mantém um relacionamento. Um dia, Paulete recebe a visita de seu cunhado, o jovem Fininha (Jesuíta Barbosa), que é militar. Encantado com o universo criado pelo local, ele logo é seduzido por Clécio. Não demora muito para que eles engatem um tórrido relacionamento, que o coloca em uma situação dúbia: ao mesmo tempo em que convive cada vez mais com os integrantes do cabaré, ele precisa lidar com a repressão existente no meio militar em plena ditadura da época.

“Tatuagem” é a primeira ficção de Hilton Lacerda como diretor e conta com nomes como Irandhir Santos, Jesuíta Barbosa, Rodrigo Garcia e Georgina Castro no elenco. A seguir, confira o trailer do premiado longa-metragem:







Resumo: Recife, 1978. Clécio Wanderley (Irandhir Santos) é o líder da trupe teatral Chão de Estrelas, que realiza shows repletos de deboche e com cenas de nudez. A principal estrela da equipe é Paulete (Rodrigo Garcia), com quem Clécio mantém um relacionamento. Um dia, Paulete recebe a visita de seu cunhado, o jovem Fininha (Jesuíta Barbosa), que é militar. Encantado com o universo criado pelo Chão de Estrelas, ele logo é seduzido por Clécio. Não demora muito para que eles engatem um tórrido relacionamento, que o coloca em uma situação dúbia: ao mesmo tempo em que convive cada vez mais com os integrantes da trupe, ele precisa lidar com a repressão existente no meio militar em plena ditadura.

Referências e notas:


  1. AB - Ache Belém. Por Marcos Henderson.
  2. Redação ADM. Por Rute Gouvêa.

14/11/2013

Sexo queima mais calorias do que caminhada

Sexo queima mais calorias do que caminhada, revela estudo canadense


 Por UOL* (Dieta e boa forma)
Foto: transpiração. Fonte: Blend Images LLC


Se você precisava de mais um motivo para aproveitar o tempo a sós com o companheiro (a), aqui vai mais um: fazer sexo queima mais calorias do que fazer uma caminhada simples. Pesquisadores canadenses foram os responsáveis por um estudo, publicado na revista PLoS One, que teve como objetivo comparar as duas atividades. As informações são do Daily Mail.



De acordo com a equipe da Universidade de Quebec, em Montreal, no Canadá, homens jovens queimam, em média, 4,2 calorias por minuto durante o sexo. Já as mulheres eliminam 3,1 calorias por minuto.

Como a média de uma relação é de 24,7 minutos, isso equivale a 104 calorias gastas pelos homens e 69 para as mulheres. O que revela que transar pode ser um exercício melhor do que caminhada leve (de 3 a 4 calorias por minuto), mas não tão eficiente quanto caminhar em velocidade rápida.

Para o estudo, os cientistas acompanharam 21 casais heterossexuais com idades entre 18 e 35 anos, durante quatro sessões de sexo em casa. Para medir o gasto calórico, os casais usaram uma braçadeira chamada SenseWear.

O grupo também respondeu a perguntas sobre o cansaço após a atividade, quantidade de esforço durante o sexo e o quanto eles gostaram da relação.

Os participantes do estudo também foram previamente submetidos a testes de meia hora de duração na esteira, com intensidade moderada, para que os pesquisadores pudessem medir quantas calorias eram queimadas durante o esforço.

Em seguida, eles compararam as leituras na esteira com as da braçadeira utilizada durante a atividade sexual. Os homens, por exemplo, queimaram 9,2 calorias por minuto na esteira, mas apenas 4,2 durante o sexo.

Outra questão muito comentada, a duração da relação sexual, também foi analisada no estudo. Embora a média registrada tenha sido de 24,7 minutos, a menor relação durou 10 minutos e a mais longa, 57. Ou seja: o gasto energético ao transar varia muito entre os casais.

Embora a queima calórica não seja equivalente a de uma maratona, ela é superior aos dados encontrados em outras pesquisas anteriores.

Um estudo anterior (abaixo), realizado por David Allison, um bioestatístico da Universidade do Alabama, em Birmingham, afirmava que a pessoa queima, em média, apenas 21 calorias durante o sexo, aproximadamente o mesmo que andar. Mas, de acordo com suas investigações, cada relação sexual durava, em média, seis minutos.

Segundo relatos dos pesquisadores de Quebec, dependendo da intensidade com que o sexo for feito, ele pode ser considerado um "exercício significativo".


Estudos anteriores


Cientistas revelam que sexo queima apenas 21 calorias; veja outros mitos e verdades sobre obesidade


Foto: casal. Fonte: Blend Images LLC

A ideia de queimar 300 calorias durante o sexo foi difundida pelos que arranjam qualquer desculpa para faltar na academia. No entanto, um artigo publicado no New England Journal of Medicine revela que isso não passa de um mito, bem como outros fatos e recomendações que são divulgados e seguidos por quem deseja emagrecer.

Segundo os estudiosos, só é possível perder 21 calorias na hora H porque os casais gastam, em média, 6 minutos durante a atividade. Em entrevista a NBC, David Allison, da Universidade do Alabama, em Birmingham, que participou do estudo, afirmou que a única pesquisa que chegou perto de medir as calorias queimadas durante o sexo foi realizada em 1984 com apenas 10 homens, ou seja, uma amostra pouco representativa.

Outros mitos também foram refutados pelo artigo. Um deles é das aulas de educação física na escola ajudarem a prevenir a obesidade infantil. O estudo revela que não existe nenhuma evidência comprovativa de que essa disciplina contribua para reduzir o IMC (Índice de Massa Corpórea) ou a obesidade à medida que as crianças crescem.

Os cientistas também declaram que o fato de definir metas realistas para perder peso não ajuda a evitar a frustração e fracasso, como dito anteriormente em sites e livros para emagrecer. Além desse tipo de meta não interferir no emagrecimento, vários estudos indicam o oposto, ou seja, fixar uma meta de peso ambiciosa ajuda a eliminar os quilinhos a mais.

Até mesmo recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde) foram contestadas pelos cientistas. A organização afirma que bebês amamentados são menos propensos a se tornarem obesos. Mas, de acordo com o estudo clínico realizado com 13 mil crianças durante seis anos, nenhuma evidência foi encontrada de que esse tipo de alimentação na infância previne a obesidade.

Outro fato muito preconizado, e considerado mito pelos estudiosos, é de que pequenas mudanças no dia a dia, como comer um pouco menos ou se exercitar mais, leva a uma perda significativa de peso em um longo período. Segundo o artigo, as alegações de que queimar 100 calorias por dia resultaria em 50 quilos perdidos em alguns anos, é irreal. "O que ele não leva em conta é que, quando eu perco peso, fico menor e preciso de menos energia para me deslocar”, afirma Allison, que destaca ainda que o máximo de peso perdido nessa situação seria de 10 quilos.

O relatório também desmistifica que disposição é um fator chave para a manter a dieta, já que segundo evidências, isso não basta para ter bons resultados. Outro mito desvendado é o de que pessoas que perdem muito peso de forma rápida voltam a engordar novamente. Segundo os cientistas, esse tipo de emagrecimento ajuda a pessoa a manter o peso alcançado a longo prazo.

No entanto, o estudo tem sido alvo de críticas. Em entrevista à NBC, Marion Nestle, da Universidade de Nova York, questionou o fato dos pesquisadores terem vínculos com várias empresas. "Para eles as únicas coisas que funcionam são drogas, cirurgias bariátricas e substitutos de refeição, todos fabricados por companhias com as quais têm vínculos", observa.


Referências e notas:

  1. *Uol (Dieta e boa forma).  Sexo queima mais calorias do que caminhada, revela estudo canadense. Em 13/11/2013.
  2. Fotos: Blend Images LLC.


13/11/2013

Assexualidade quase assumida

Jovens com repulsa a sexo usam web para encontrar semelhantes

Por Anna Virginia Balloussier* (São Paulo)



Foto: jovens. Autor: Editoria de Arte / Folhapress 


Toda vez que pensa “naquilo”, Bia (20 anos), sente um friozinho na barriga. E não do tipo bom. "Na minha cabeça, sexo é algo meio sujo. Sinto repulsa."

Ela é virgem e quer continuar assim para sempre. O primeiro beijo só foi dar este ano, de curiosa. Não curtiu.

No terceiro ano do ensino médio, a mineira Bia costumava se achar "um ET", mas essa fase já passou. Hoje aceita bem o que é: assexual.

A moça não está só. Uma pesquisa do Datafolha de setembro de 2009 revelou que 5% dos jovens de 18 a 24 anos não veem graça no sexo.

O Folhateen entrevistou cinco deles. Quatro, apesar de se dizerem bem resolvidos, não quiseram revelar o nome.

Não é de hoje que o estudante de informática carioca Thiago* (17 anos), lança mão dessa vida dupla. Em redes sociais, ele mantém dois perfis. Com o "fake", troca ideia com outros jovens que pensam igual.

Para ele, ainda está cedo para sair do mais bem comportado dos armários. "É ainda pior do que se assumir gay. Mesmo amigos homo teriam grande preconceito..."

O medo que aflige Ricardo (19 anos), vem de casa. "Sofro com a família. Comentam que sou gay por não me mostrar interessado em sexo."

Auxiliar administrativo no Rio e "muito evangélico", ele se encheu de tanta especulação sobre sua sexualidade. Aí forçou um namoro. "Queria desviar a atenção de mim."

Como não foi aberto com a moça, a união não chegou a durar dois meses.

O estudante de ciências sociais Júlio Neto (20 anos), acredita que dizer "não" ao sexo é ainda mais difícil no Brasil, país que põe a sexualidade no mesmo altar do futebol. "Para nós, ser homem é ser 'comedor de mulheres'."

Mas o rapaz entendeu sua orientação sem maiores traumas. "Nunca achei que poderia ser uma doença", diz.

Não à toa, Júlio (dono de uma loja de acessórios para informática em Pernambuco) foi o único entrevistado que topou se identificar. Ele criou o site assexualidade.com.br

No Orkut, uma comunidade com 300 membros assexuais é bastante ativa. Um dos tópicos combinava um encontro (para comer cachorro-quente). Outro debatia como lidar com namorados que gostam de sexo ("faço por dó, só para ele parar de encher").

Os assexuais lutam para chegar a um "ponto G" bem peculiar: provar à sociedade que rejeitar sexo é uma orientação como outra qualquer.

O grupo, afinal, tem plena capacidade de se apaixonar, mostrar afeto e até se masturbar. "Esta é minha natureza e estou feliz com ela", resume Ricardo. E ele não está de sacanagem.

É possível viver bem sem sexo, dizem especialistas


Esta o assexual ouve direto: 
"Como sabe que não gosta de sexo se nunca fez?".


A pedagoga Elisabete Oliveira, que pesquisa assexualidade no doutorado da USP, rejeita a lógica. "Quando se é heterossexual, ninguém pede provas. Alguém pergunta se você transou com um gay para ter certeza de não ser um?"

Em alguns casos, o desinteresse pode, sim, ser sintoma de algo errado, como hormônios desregulados.

Mas Elisabete questiona "a crença de que o desejo é universal". Há pessoas que simplesmente não o sentem e vivem bem, obrigado.

"Os assexuais não se vêem como doentes, alguém que sofreu um trauma de infância ou algo do tipo."

E não é a parte fisiológica que vem "quebrada", diz Elisabete. Antes de se definirem assexuais, "alguns até fazem sexo, pois pensam que é a coisa 'normal'. Mas não sentem atração."

A falta de apetite sexual só deve ser tratada se virar um incômodo, segundo a presidente da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana, Maria Luiza de Araújo.

"Temos que tomar cuidado com a tendência de medicar tudo. Se o jovem se sentir bem assim, pode levar uma vida perfeitamente normal sem pôr a sexualidade como ponto principal."

Mitos e tabus:


TODO ASSEXUAL É VIRGEM?
Não necessariamente. Há casos em que a pessoa só se
descobre assexual mais tarde. Às vezes, até depois de um
casamento. É possível, ainda, topar fazer sexo para preservar o relacionamento com um parceiro que goste da coisa (o casal precisa entrar em acordo). Não há impedimento físico, como impotência.


ASSEXUAIS SÃO SOLITÁRIOS?
De forma alguma. Eles podem gostar de namoro, companhia e carinho. Há ainda os que têm um bocado de amigos, mas não veem sentido em relacionamentos amorosos -são chamados de "arromânticos". Bia* se encaixa nesse grupo. "Posso não dar amor para um namorado, mas sou muito de querer amizade. Não gosto de ficar sozinha, não."


POSSO NÃO GOSTAR DE SEXO E ME MASTURBAR?
A masturbação é praticada por alguns assexuais.
Nesses casos, não envolve fantasias sexuais, é
praticamente um ato mecânico. Seria a resposta da
pessoa a uma necessidade corporal, uma espécie de
alívio físico. Como ir ao banheiro ou comer quando
sentimos fome.


CADÊ OS ASSEXUAIS NO MEIO CULTURAL?
Celibato, misoginia (horror a mulheres), falta de jeito para a coisa. Casos assim estouram no cinema, na TV e na literatura. Bem mais raros são os personagens que não dão bola para o que rola entre quatro paredes. Em 2009, a novelinha "Malhação", da Globo, incluiu o assexual Alê (William Barbier) na trama. O físico Sheldon Cooper, da série de TV "The Bg Bang Theory", é outro que parece não ser chegado em sexo.

SEXO NÃO É MINHA ONDA. QUEM PROCURO?
Alguns assexuais não querem saber de médico, pois não se veem como doentes (rejeitam, aliás, o termo "assexuados", por acharem que soa como doença). Preferem comunidades como a assexuality.org. No Brasil: assexualidades.blogspot.com.





Referências e notas:


  1. Os nomes dos entrevistados foram trocados para manter a privacidade.
  2. Anna Virginia Balloussier. Editora-assistente da Revista São Paulo, publicação da Folha de S.Paulo, foi repórter de variedades da revista Trip, passou pelo treinamento da Folha de S.Paulo onde atuou nos cadernos Poder, Ilustrada, Folhateen e na coluna de Mônica Bergamo. Anna Virginia Balloussier começou como estagiária da revista Rolling Stone e do Jornal do Brasil. Participou do Programa de Treinamento / Novo em Folha, da Folha S.Paulo. Durante o treinamento fez a primeira matéria de um jogo de futebol, no estádio do Morumbi.
  3. Reportagem retirada da Folha de São Paulo. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folhateen/931773-jovens-com-repulsa-a-sexo-usam-web-para-encontrar-semelhantes.shtml 
  4. Fotos: Editoria de Arte / Folhapress.
  5. ABC da Saúde. Disponível em: http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?752

11/11/2013

Prazer transformado em negócio

GOOD VIBRATIONS 

Por Rosário Mello e Castro*


"A sexualidade feminina está na mira das farmacêuticas. Entre o ponto G, o Viagra feminino e os potenciadores do orgasmo, andará a nossa vida sexual a passar-nos ao lado?"


Quando, em pleno virar do milênio, Liz Canner* aceitou realizar um filme erótico para uma pequena empresa farmacêutica, não sabia que passaria os nove anos seguintes a pensar em orgasmos. Intrigada pelo crescimento acelerado da ciência do prazer feminino, e já com um documentário de sucesso na manga, a jovem realizadora lançou-se à investigação. Só que, em vez de desígnios nobres, encontrou uma industria cheia de segundas intenções.


Foto: Nudes Glamour Fashion. Autora: Paola Kullock



O alarme terá soado ainda mais alto em Fevereiro de 2001. Pouco tempo depois do Dia dos Namorados, a conhecida apresentadora Oprah Winfrey* declarava estado de alerta nacional: há uma epidemia secreta a crescer nos Estados Unidos. Chama-se Disfunção Sexual Feminina e afeta quase metade das mulheres. Números que colidiam com as estatísticas anteriormente apresentadas, que apenas atribuíam problemas sexuais a cerca de 12% da população feminina. Estariam as mulheres a viver um momento de crise sexual ou apenas cansadas de mudar as fraldas dos filhos? o documentário Orgasm Inc., denunciou o lado mais negro da demanda farmacêutica por fórmulas capazes de acender o desejo sexual feminino, mas deixa muitas outras questões por resolver.

O aproximar da relação entre as mulheres e as diferentes formas de viver a sua sexualidade não é de agora. “Há algum tempo que as sex shops deixaram de fazer parte do submundo masculino”, confirma a sexóloga Marta Crawford*, conhecida pelas suas participações televisivas e pelos artigos na imprensa nacional. “A partir do momento em que há lubrificantes e minivibradores à venda nas farmácias e nas lojas de decoração, sabemos que estamos a evoluir”, acrescenta. Mas, numa altura em que as investigações científicas incluem procedimentos como o rejuvenescimento vaginal ou a injeção do amor, nada é o que parece. Será a relação sexual exclusivamente coisa do passado? E o que dizer das atitudes femininas perante tudo que à sua volta tem acontecido?

Sentado num elegante café lisboeta, Flávio Gikovate* reconhece que se fala e se pratica mais sexo, mas assinala um impasse determinante. “Desde os anos 60, época em que a descoberta da pílula estimulou uma revolução sexual sem precedentes, que não ocorrem grandes progressos nesta área.” Científicos ou não. Por outro lado, continua, “não restam dúvidas de que os avanços mais importantes aconteceram com as mulheres, hoje muito mais livres e com maior acesso à educação, onde já ultrapassam os homens”.

O conhecido psicoterapeuta brasileiro está na capital para falar sobre Sexo (da MG editores, distribuída em Portugal pela Dinalivro). Ao trigésimo livro publicado, e depois de refletir sobre temas como o amor ou o vício, era inevitável voltar a dedicar um livro à sexualidade humana. “Persistem inúmeros enganos e preconceitos por resolver”, justifica. A começar pela própria relação sexual, que se “transformou numa acrobacia, que implica atos quase heroicos de parte a parte”, brinca.

Será também essa a explicação por detrás da cruzada pela descoberta do Viagra feminino, o Santo Graal dos produtos sexuais. Entre alguns avanços e muitos recuos, encontrar uma fórmula eficaz, mas também comercializável, é uma vontade antiga das farmacêuticas. E a verdade é que a sua procura derivou, pelo menos em parte, do interesse das mulheres em experimentá-lo (admitamos que ver Samantha, de O Sexo e a Cidade, a viver o mais estridente dos orgasmos depois de o seu parceiro lhe oferecer o pequeno comprimido azul é, no mínimo, tentador).

“A ‘medicalização’ do orgasmo feminino é uma tendência real, mas também um risco, pois as mulheres são vulneráveis a um sempre-número de fatores, da auto-estima à educação”, diz-nos Marta Crawford. É também isso que reflete a experiência clínica de Gabriela Moita, para quem ainda são muitas mulheres que suspiram por melhores vidas sexuais. “Há muito a fazer para tornar real o mito da libertação sexual”, diz-nos a psicóloga, doutorada em Sexologia. “Se, no século XIX, as verdadeiras mulheres não tinham prazer e as que tinham eram doentes, hoje, se as mulheres não tem prazer, só podem estar doentes”, avalia. Haverá maior espartilho à liberdade do que este? A opinião pode parecer exagerada, mas este é um sinal dos tempos que muitas estatísticas comprovam.

As dúvidas persistem noutros campos da sexualidade feminina. Basta lembrar que três décadas passadas desde a “descoberta” do ponto G, a sua (in)existência continua a dividir psicólogos e sexólogos, e, claro está, a desesperar casais nos quatro cantos do planeta. Mesmo se algumas mulheres (e provavelmente muitos homens) dizem tê-lo sentido, anos de pesquisa e especulação não chegaram para confirmar a presença destes dois centímetros de prazer absoluto. Ainda meses atrás, foi a vez de um grupo de cientistas do King´s College de Londres colocar mais um ponto e vírgula na questão, anunciando a impossibilidade de encontrá-lo. A conclusão surgiu depois de uma extensa análise das anatomias e dos hábitos sexuais de mil e oitocentas mulheres britânicas. “É praticamente impossível achar-lhe o rasto”, terá dito Tim Spector*, um dos líderes da investigação. Mas a determinação do investigador dificilmente acalmará os ânimos de algumas imprensas sensacionalistas e de certos terapeutas sexuais. “Centrar o prazer é um disparate (basta lembrarmo-nos que são mais de 80% das mulheres que precisam da estimulação do clitóris para atingir o orgasmo)”, defende Gabriela Moita. “Para algumas mulheres, o ponto G está no pescoço; para outras, na ponta dos dedos; cada pessoa encontra-os à sua maneira.” Uma tarefa complicada tendo em conta que passamos a infância, e parte da adolescência, a acreditar que o sexo é tão fácil como nos filmes: arrancam-se peças de roupa, soltam-se gemidos e a magia acontece.

As notícias que nos chegam da Universidade de Aveiro confirmam esta atitude. Depois de conduzir um estudo com cerca de sessenta voluntários nacionais, o Sexlab, laboratório de investigação sexual integrado naquela instituição, descobriu que as mulheres excitam-se mais com filmes pornográficos do que os homens. Mas há mais. Experiências que expõem mulheres e homens a imagens de sexo explícito comprovam que ao olhares de ambos são desviados para os mesmos pontos.

“A relação sexual transformou-se numa acrobacia, que implica atos heroicos de parte a parte” (Flávio Gikovate*)


Algo que não surpreende Mário Boto Ferreira*. “Nestas situações, tanto as mulheres como os homens demonstram o tipo de reações fisiológicas que normalmente acompanham a excitação sexual, mas, quando questionados, eles assumem-se mais excitados do que elas”, clarifica. Por outras palavras, os impulsos estão lá, mas não à-vontade para os revelar.

Outros dos “maiores erros do pensamento psicanalítico”, lembra Flávio Gikovate, “é a crença de que sexo e amor fazem parte do mesmo impulso instintivo”, ou que “excitação e desejo são a mesma coisa”. E as diferenças entre excitação e desejo ganham especial relevância na hora de medicar ou não a sexualidade feminina. “O desejo implica atividade, uma busca por algo que nos é exterior; a excitação, por sua ver, identifica um estado interior de inquietação, que pode ocorrer sem influencia exterior”, clarifica o médico brasileiro. Por outras palavras, é normal que os casais que estão juntos há muito tempo sintam menos desejo um pelo outro, mas são muitas as formas de dar a volta à situação. Seja com a ajuda de um novo tratamento, de um vibrador mais potente ou de um tema de Barry White ou Mavin Gaye.


Referências e notas:



  1. *Rosário Mello e Castro. Jornalista e editor da Revista VOGUE/Portugal. Revista VOGUE Portugal set./2010.
  2. *Liz Canner. Cineasta americana, faz documentários sobre arte pública digital e projetos de mídia sobre questões de direitos humanos. Ela muitas vezes emprega tecnologias de ponta para explorar as questões sociais a partir de uma nova perspectiva. Um bom exemplo disso é o seu documentário Sinfonia de uma Cidade que foi aclamado pela crítica. Seu documentário Abraço mortal: Nicarágua, o Banco Mundial e o FMI (1995), foi um dos primeiros filmes a olhar criticamente para os efeitos do Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e a política de globalização. Dirigiu o Orgasm Inc.: A Ciência do estranho do Prazer Feminino (Cannes, 2009), um documentário de longa metragem de investigação sobre a indústria farmacêutica e saúde da mulher. Formou com honras em Antropologia e Artes Visuais da Brown University em 1991. Ela possui mais de 50 prêmios, honrarias e subsídios para o seu trabalho, incluindo o Rockefeller Foundation Fellowship Next Generation Leadership para "a criação de projetos inovadores de mídia para o fortalecimento da democracia".
  3. *Oprah Winfrey. Oprah Gail Winfrey (Kosciusko, 29 de janeiro de 1954), mais conhecida simplesmente por Oprah Winfrey, é uma apresentadora de televisão e empresária estadunidense, vencedora de múltiplos prêmios Emmy por seu programa The Oprah Winfrey Show, o talk-show com maior audiência da história da televisão estadunidense. É também uma influente crítica de livros, uma atriz indicada a um Oscar pelo filme A cor púrpura e editora da revista The Oprah Magazine. De acordo com a revista Forbes, Oprah foi eleita a mulher mais rica do ramo de entretenimento no mundo durante o século XX, uma das maiores filantropas de todos os tempos e a primeira mulher negra a ser incluída na lista de bilionários, em 2003. Em 2010, é a única mulher a permanecer no topo da lista por quatro anos. Apresentou o programa de entrevistas, The Oprah Winfrey Show, que ficou no ar durante vinte e cinco anos. Seu último programa foi ao ar em 25 de maio de 2011. Oprah agora irá dedicar-se a sua própria rede, OWN (The Oprah Winfrey Network) e outros projetos pessoais. Oprah também é Psicóloga, e foi a apresentadora mais bem paga da história da televisão estadunidense, e ganha cerca de 50 milhões de dólares por mês com todas as suas incumbências profissionais.
  4. *Marta Crawford. Psicóloga Clínica, pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), especialista em Sexologia Clínica pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Terapeuta Sexual credenciada pela Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica e Terapeuta Familiar pela Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar. Foi professora na Universidade Lusófona, pertenceu à equipa de aconselhamento e encaminhamento telefônico da linha SOS Dificuldades Sexuais. Trabalhou no Instituto de Emprego e Formação Profissional e colaborou no acompanhamento psicológico de doentes do Serviço de Psicoterapia Comportamental do Hospital Júlio de Matos. Formadora, conferencista e terapeuta, apresentou o programa televisivo "AB Sexo", na TVI em 2005 e 2006,colaborou na rubrica de Psicologia no programa "Factor M" na RTP1, em 2007, e apresentou o programa "Aqui Há Sexo", na TVI24 em 2009. O programa "100 TABUS", estreou em 2012 e atualmente ainda se encontra em exibição na SIC MULHER. Foi cronista do Diário de Notícias, do Mundo Universitário, da revista Lux Woman e do Jornal i. Publicou o seu primeiro livro Sexo sem Tabus, em Outubro de 2006, e Viver o Sexo com Prazer - Guia da Sexualidade Feminina, em Março de 2008, e Diário Sexual e Conjugal de um Casal, em 2011.
  5. *Flávio Gikovate. É médico-psiquiatra, psicoterapeuta, conferencista e escritor. Atualmente apresentando o programa “No Divã do Gikovate”, na rádio CBN, e dedicando a maior parte do tempo à clínica. Com 32 publicados já vendeu um milhão de exemplares, foi colunista na Folha de São Paulo, revista Cláudia, teve um programa na TV Bandeirantes e, desde 2007, apresenta o premiado “No Divã do Gikovate” pela rádio CBN (edição nacional).
  6. *Gabriela Moita. Psicóloga, desenvolve um vasto trabalho na área da sexualidade e é co-responsável, por um programa televisivo sobre amores difíceis (na TV Portuguesa). Tem centrado a sua investigação na área da homofobia, de modo a poder perceber como se pode anulá-la, desmontando a sua construção, e permitir que as pessoas possam viver num mundo que dê possibilidades a todos. Em 2003, recebeu o Prêmio Arco-íris, pela Associação ILGA Portugal, como forma de reconhecimento e incentivo à sua luta contra a homofobia.
  7. *Tim Spector. Professor de Epidemiologia Genética do Kings College de Londres e diretor do Departamento de Pesquisa de Gêmeos e Epidemiologia Genética do Hospital St Thomas, em Londres. Professor Spector formou Hospital Medical School de São Bartolomeu, em Londres, em 1982. Depois de trabalhar em Medicina Geral, ele completou um mestrado em Epidemiologia, e seu grau de MD, da Universidade de Londres, em 1989. Escreveu vários artigos originais sobre a hereditariedade de uma ampla gama de doenças e traços, incluindo dor nas costas, acne, inflamação, obesidade, memória, habilidade musical e sexualidade.
  8. *Mário Boto Ferreira. Psicólogo. Professor da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa e doutorado em Psicologia Social.