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28/10/2015

Saiba mais sobre assexualidade


Foto: representação de "jovens assexuados".
Autor: Editoria de Arte / Folhapress

2. Assexualidade


Assexualidade é uma orientação sexual caracterizada pela indiferença à prática sexual, ou seja, o assexual é um indivíduo que não sente atração sexual por nenhum gênero.

Debate:

Há um desacordo sobre se a assexualidade é uma orientação sexual legítima. Muitos ainda confundem assexualidade com baixa libido. Alguns argumentam que ela cai sobre o nome de distúrbio de hipoatividade sexual ou distúrbio da aversão sexual. Entre os que não acreditam ser uma orientação, outras causas sugeridas incluem abuso sexual passado, repressão sexual, problemas hormonais, desenvolvimento tardio de atração, e não ter encontrado a pessoa certa. Muitos assexuais auto identificados, enquanto isso, negam que tais diagnósticos se apliquem a eles; outros argumentam que, porque a sua assexualidade não lhes causa angústia, não deveria ser vista como um distúrbio emocional ou médico. Outros argumentam que no passado, foram feitas afirmações semelhantes sobre a homossexualidade e bissexualidade, apesar do fato de que muitas pessoas agora as considerem como orientações legítimas. Em virtude da falta de pesquisa no assunto, existem poucas provas documentadas em favor de qualquer lado no debate.

Pesquisa:

Um estudo feito com cordeiros chegou ao resultado de que cerca de 2% a 3% dos indivíduos estudados não tinham interesse aparente em acasalar com sexo algum. Outro estudo, foi feito com ratos e gerbils, em que até 12% dos machos não mostraram interesse nas fêmeas. Contudo, como suas interações com outros machos não foram medidas, o estudo é de uso limitado no que toca à assexualidade (Westphal, 2004).
Uma pesquisa de opinião no Reino Unido sobre sexualidade incluiu uma pergunta sobre atração sexual, e 1% dos entrevistados responderam que "nunca se sentiram atraídos sexualmente por absolutamente ninguém" (Bogaert, 2004). O Kinsey Institute conduziu uma pequena pesquisa sobre esse assunto, que concluiu que "os assexuais parecem melhor caracterizados por pouco desejo sexual e excitação que por baixos níveis de comportamento sexual ou alta inibição sexual" (Prause e Graham, 2002). Esse estudo também menciona um conflito quanto à definição de "assexual": os pesquisadores descobriram quatro definições diferentes na literatura, e afirmaram que era incerto se aquelas identificando assexual estavam se referindo a uma orientação.

Variações:

Há diferenças entre as pessoas que se identificam como assexuais, principalmente entre elas a presença ou ausência de uma direção sexual ou atração romântica. Alguns experimentam apenas um desses, enquanto outros experimentam ambos, e ainda outros, nenhum deles. Há uma discórdia sobre qual dessas configurações pode genuinamente ser descrita como assexual. Enquanto um número de pessoas acredita que, todas as variações sejam qualificadas como tal, muitas outras acreditam que para ser assexual, deve-se ter falta de direção sexual, atração romântica ou ambos.
A direção sexual desses assexuais que têm uma, não é dirigida a nada; é apenas um desejo por estimulação sexual ou liberação. Pode variar de fraco a forte, e de raro a frequente. Alguns assexuais experimentam sentimentos sexuais, mas não têm desejo de fazer o ato, enquanto outros procuram liberação sexual, seja via masturbação ou por contato sexual, ou ambos.
Para aqueles assexuais que experimentam sentimentos de atração romântica, ela pode ser direcionada para um ou ambos os gêneros. Esses assexuais frequentemente têm desejos por relacionamentos românticos, variando de ligações casuais até casamento, mas frequentemente não querem que essas relações incluam atividade sexual. Por causa dessa orientação sexual, alguns assexuais se descrevem como assexuais gays, bissexuais, ou heterossexuais; isso é relacionado ao conceito de orientação afetiva.
Aqueles assexuais que não querem relacionamentos românticos estão numa posição difícil, já que a maioria das pessoas não são assexuais. Assexuais capazes de tolerar o sexo podem fazer par com não-assexuais, mas então sua falta de atração pode ser psicologicamente angustiante para seu companheiro, fazendo um romance de longa duração difícil. Assexuais que não podem tolerar o sexo devem ou se comprometer com seus companheiros e ter certa quantidade de qualquer jeito, dar a seus companheiros permissão de procurar sexo em algum outro lugar, ter relacionamentos sem sexo com aqueles poucos que ele tem desejo, só namorar outros assexuais, ou ficarem solteiros.
Alguns assexuais usam um sistema de classificação desenvolvido (e então aposentado) pelo fundador da Asexual Visibility and Education Network, uma das principais comunidades on-line de assexuais (abreviada como AVEN). Nesse sistema, assexuais são divididos em tipos de A a D: um assexual do tipo A tem direção sexual, mas sem atração romântica, um tipo B tem atração romântica mas não tem direção sexual, um do tipo C tem ambos, e o tipo D, nenhum. As categorias não significam que são inteiramente discretas ou "escritas na pedra"; o tipo de uma pessoa pode mudar, ou pode-se estar na fronteira entre dois tipos. Note que a própria AVEN não usa mais esse sistema, já que ele é muito exclusivo, mas um número de assexuais ainda a sentem como uma ferramenta útil para explicar sua orientação.
Note que a assexualidade não é o mesmo que celibato, que é a abstinência deliberada de atividade sexual; muitos assexuais fazem sexo, e a maioria dos celibatários não são assexuais.

Assexualidade e religião:

Muitas religiões ou seitas religiosas acreditam que a assexualidade é uma condição espiritualmente superior, e alguns assexuais creem que sua falta de "desejos básicos" os permite sentir uma espiritualidade mais profunda, embora outros assexuais considerem isso uma atitude elitista. Por exemplo, é possível que em séculos passados, muitos padres católicos, monges, e freiras eram assexuais, incluindo muitos santos canonizados. Em outros credos, crianças eram consideradas um dom de Deus que não deveria ser recusado, um meio de espalhar a religião, ou ambos; deveria ser notado, no entanto, que alguns assexuais têm filhos, e algumas religiões elogiam tanto a assexualidade quanto as crianças. Além do mais, de acordo com algumas crenças religiosas, a sexualidade mesmo é sagrada ou um dom divino; certas variedades de Tantra envolvem sexo, por exemplo, e alguns tipos de neopaganismo e Nova Era incluem o conceito de sexualidade sagrada.
Atualmente, a assexualidade enfrenta pouca condenação religiosa.

Assexualidade na ficção:

Talvez o exemplo mais antigo de personagem assexual possa ser encontrado em Hipólito, que evita todas as mulheres e devota sua vida à castidade.
O Personagem de Sir Artur Conan Doyle, Sherlock Holmes, é outro exemplo de assexualidade.
Em Os Miseráveis, de Victor Hugo, os dois protagonistas, Jean Valjean e Javert, podem ser considerados assexuais.
Na ficção, o romance de John Braine The Jealous God (1964) é um bom exemplo de sexo visto principalmente como pecado. Por outro lado, em seu romance de ficção científica Distress (1995), Greg Egan imagina um mundo no século XXII onde "assex" é uma das sete configurações de gênero conhecidas. Citação de Distress:
"Asex não era nada mais que um termo guarda-chuva para um grupo largo de filosofias, estilos de vestir, mudanças cirúrgicas e de cosméticos, e alterações profundas biológicas. A única coisa que uma pessoa assex tinha necessariamente em comum com outra era a visão que os parâmetros de gênero (neural, endócrino, cromossômico e genital) não interessavam a ninguém mais, somente a si próprios, geralmente (mas nem sempre) a seus amantes, provavelmente a seu médico, e às vezes a alguns poucos amigos próximos. O que uma pessoa realmente fazia em resposta a essa atitude poderia variar de tão pouco como clicar no botão 'A' nos formulário de censo, a escolher um nome assex, a fazer redução de peito ou de pelos do corpo, ajustes do timbre de voz, reescultura facial, 'empouchment' (cirurgia para fazer os genitais masculinos retráteis), todas as formas de assexualidade neural ou física, hermafroditismo ou exoticismo." (Distress, paperback ed., p. 45)
Um exemplo de personagem assexual simpaticamente apresentado na ficção científica é Aghora, um dos Metabarões de Alejandro Jodorowsky, que não é apenas assexual, mas também um transexual.
O conto de Samuel R. Delany de 1969, "Aye, and Gomorrah..." retrata uma sociedade onde astronautas se tornam sem sexo por que a radiação cósmica faz seus órgãos reprodutores inúteis.
No anime Soul Eater, o personagem Chrona não só se mostra um assexual tipo B(tem uma pequena paixão escondida pela garota Maka Albarn mas não se importa com sexo), mas também há a suspeitas de que seja um assexual, um humano sem sexo definido, devido às suas ações não serem nem as de um jovem garoto e nem de uma garota. Só mais tarde através do mangá é confirmado que Chrona é uma menina.
O romance de Ryan A. Morgan de 1997, John-Jack Christian, conta sobre um adolescente lutando para lidar com sua assexualidade num ambiente adolescente normal, antes de recorrer ao fisiculturismo para se manter são.
Na série original de TV Doctor Who (1963–1989), o Doutor quase sempre era retratado como assexual apesar de sua regular companhia de mulheres jovens e atraentes. Já que a primeira companheira do Doutor, Susan Foreman, foi apresentada por sua neta, frequentemente se assume, mas nunca foi confirmado, que o Doutor tenha sido casado anteriormente, e com filhos. O filme de 1996 causou alguma controvérsia entre os fãs do Doctor Who por ter o beijo do Oitavo Doutor com sua companheira Grace. Na nova série (2005), o Doutor ocasionalmente flerta, e tem um relacionamento romanticamente tingido com sua companheira Rose Tyler.
Nas tirinhas online da K. Sandra Fuhr, Boy Meets Boy (terminado) e Friendly Hostility (em produção), o cínico Collin Sri'Vastra diz ser assexual. Mais tarde ele cria um relacionamento com sua melhor amiga, Kailen "Fox" Maharassa, mas seu nível afetivo/romântico parece ser muito baixo, pelo menos no início.
Um dos personagens centrais do The House of Spirits de Isabel Allende, Clara, poderia ser considerada assexual. Nos anos posteriores, ela expressava uma falta de interesse no coito, comentando que isso apenas fazia seus ossos doerem.
O personagem central que dá o nome ao livro Deadeye Dick de Kurt Vonnegut é assexual devido a um trauma de infância.
Um dos personagens principais do Sitcom The Big Bang Theory de 2007, Sheldon Cooper é também considerado como sendo assexual.
O personagem Alê, interpretado por William Barbier em Malhação ID também é considerado assexual.
Em um episódio da 8ª temporada de House, M.D., o oncologista e melhor amigo do Dr. House, Dr. Wilson, trata um caso no qual o paciente se diz ser assexual, porém é depois descoberto que ele sofria de um prolactinoma (Adenomas Hipofisários Produtores de Prolactina; Tumores de Hipófise Produtores de Prolactina; Hiperpituitarismo; Tumor na Cabeça; Problema na glândula da cabeça. São tumores benignos da glândula hipófise que provocam sintomas hormonais de modo predominante, decorrentes da elevação do hormônio Prolactina).

Símbolos da assexualidade: 

Ao decorrer dos anos, e com um maior número de pessoas auto identificadas como assexuais nas comunidades espalhadas pelo internet, começaram a surgir alguns símbolos para caracterização desses grupos os quais acabaram ganhando conotação universal dentro do contexto da assexualidade.

Falaremos sobre quatro desses principais símbolos, os quais surgiram na AVEN – Asexual Visibility and Education Network (Rede de Educação e Visibilidade Assexual) – e depois ganhou adesão de outras comunidades espalhadas pelo mundo. 


Bandeira assexual
Foto: bandeira que representa a assexualidade.



Assim como em outras orientações assexuais, a assexualidade também possui a sua bandeira, em que cada diferente cor possui um significado próprio. 
A cor roxa é a cor padrão das comunidades assexuais. Representa a coesão dos grupos assexuais e os identifica com um padrão visual. 
Dentro da fluidez sexual humana, podem existir heterossexuais, homossexuais e bissexuais, que experienciam atração sexual ou interesse na prática sexual (cor branca), também podem existir os assexuais, que se caracterizam de forma oposta aos sexuais (cor preta), mas também há pessoas que se encontram em um estado intermediário, experienciando atração sexual em situações e momentos muito específicos (cor cinza). 
Percebe-se, então, que as cores preta, cinza e branca representam essa gradação da sexualidade humana. As pessoas representadas pelas escalas cinza e preta são as pertencentes ao grupo de assexuais, já aquelas da branca são as sexuais (hetero, homo ou bi) simpatizantes ou apoiadoras da questão assexual. 



Triângulo assexual 
Foto: símbolo da assexualidade

A partir da explicação da bandeira assexual, torna-se fácil o entendimento desse segundo símbolo. 
Considerando que a sexualidade humana é fluida, e que ela se manifesta diferentemente em cada pessoa, as diferentes orientações sexuais não estão totalmente segmentadas, mas sim coadunadas, como em um degradê, representado por esse símbolo. 
As duas pontas da parte superior correspondem à heterossexualidade e à homossexualidade, sendo a bissexualidade a parte central. A ponta inferior seria, então, a assexualidade. 
Assim, esse triângulo representaria melhor a sexualidade humana do que a simples fragmentação das orientações sexuais usada atualmente, pois existiriam algumas pessoas mais e menos heterossexuais, mais e menos homossexuais, e também mais e menos assexuais.



Bolo!!!
Esse símbolo é produto de uma grande brincadeira existente nas comunidades assexuais. 
Como para o assexual, até bolo pode ser melhor que sexo, a comida acabou sendo adotada em brincadeiras sobre a assexualidade, em comparações, e se tornou até mesmo uma forma de se desejar boas vindas aos novos membros de algumas dessas comunidades, principalmente na AVEN. 



Ás de espadas 
Em inglês, a pronúncia da primeira parte do nome "asexual" é "ace", que é, inglês, a forma de se chamar a carta "ás" do baralho. 

Com isso, ás de espadas se tornou o símbolo para os assexuais arromânticos e o ás de copas para os assexuais românticos. Entretanto, o ás de espadas é o mais popular na representação dos assexuais em geral.





Lista de pessoas que assumem ser assexuais:

  • David Jay 
  • Morrissey, ex vocalista do Smiths

Fontes e referências:





11/11/2013

Prazer transformado em negócio

GOOD VIBRATIONS 

Por Rosário Mello e Castro*


"A sexualidade feminina está na mira das farmacêuticas. Entre o ponto G, o Viagra feminino e os potenciadores do orgasmo, andará a nossa vida sexual a passar-nos ao lado?"


Quando, em pleno virar do milênio, Liz Canner* aceitou realizar um filme erótico para uma pequena empresa farmacêutica, não sabia que passaria os nove anos seguintes a pensar em orgasmos. Intrigada pelo crescimento acelerado da ciência do prazer feminino, e já com um documentário de sucesso na manga, a jovem realizadora lançou-se à investigação. Só que, em vez de desígnios nobres, encontrou uma industria cheia de segundas intenções.


Foto: Nudes Glamour Fashion. Autora: Paola Kullock



O alarme terá soado ainda mais alto em Fevereiro de 2001. Pouco tempo depois do Dia dos Namorados, a conhecida apresentadora Oprah Winfrey* declarava estado de alerta nacional: há uma epidemia secreta a crescer nos Estados Unidos. Chama-se Disfunção Sexual Feminina e afeta quase metade das mulheres. Números que colidiam com as estatísticas anteriormente apresentadas, que apenas atribuíam problemas sexuais a cerca de 12% da população feminina. Estariam as mulheres a viver um momento de crise sexual ou apenas cansadas de mudar as fraldas dos filhos? o documentário Orgasm Inc., denunciou o lado mais negro da demanda farmacêutica por fórmulas capazes de acender o desejo sexual feminino, mas deixa muitas outras questões por resolver.

O aproximar da relação entre as mulheres e as diferentes formas de viver a sua sexualidade não é de agora. “Há algum tempo que as sex shops deixaram de fazer parte do submundo masculino”, confirma a sexóloga Marta Crawford*, conhecida pelas suas participações televisivas e pelos artigos na imprensa nacional. “A partir do momento em que há lubrificantes e minivibradores à venda nas farmácias e nas lojas de decoração, sabemos que estamos a evoluir”, acrescenta. Mas, numa altura em que as investigações científicas incluem procedimentos como o rejuvenescimento vaginal ou a injeção do amor, nada é o que parece. Será a relação sexual exclusivamente coisa do passado? E o que dizer das atitudes femininas perante tudo que à sua volta tem acontecido?

Sentado num elegante café lisboeta, Flávio Gikovate* reconhece que se fala e se pratica mais sexo, mas assinala um impasse determinante. “Desde os anos 60, época em que a descoberta da pílula estimulou uma revolução sexual sem precedentes, que não ocorrem grandes progressos nesta área.” Científicos ou não. Por outro lado, continua, “não restam dúvidas de que os avanços mais importantes aconteceram com as mulheres, hoje muito mais livres e com maior acesso à educação, onde já ultrapassam os homens”.

O conhecido psicoterapeuta brasileiro está na capital para falar sobre Sexo (da MG editores, distribuída em Portugal pela Dinalivro). Ao trigésimo livro publicado, e depois de refletir sobre temas como o amor ou o vício, era inevitável voltar a dedicar um livro à sexualidade humana. “Persistem inúmeros enganos e preconceitos por resolver”, justifica. A começar pela própria relação sexual, que se “transformou numa acrobacia, que implica atos quase heroicos de parte a parte”, brinca.

Será também essa a explicação por detrás da cruzada pela descoberta do Viagra feminino, o Santo Graal dos produtos sexuais. Entre alguns avanços e muitos recuos, encontrar uma fórmula eficaz, mas também comercializável, é uma vontade antiga das farmacêuticas. E a verdade é que a sua procura derivou, pelo menos em parte, do interesse das mulheres em experimentá-lo (admitamos que ver Samantha, de O Sexo e a Cidade, a viver o mais estridente dos orgasmos depois de o seu parceiro lhe oferecer o pequeno comprimido azul é, no mínimo, tentador).

“A ‘medicalização’ do orgasmo feminino é uma tendência real, mas também um risco, pois as mulheres são vulneráveis a um sempre-número de fatores, da auto-estima à educação”, diz-nos Marta Crawford. É também isso que reflete a experiência clínica de Gabriela Moita, para quem ainda são muitas mulheres que suspiram por melhores vidas sexuais. “Há muito a fazer para tornar real o mito da libertação sexual”, diz-nos a psicóloga, doutorada em Sexologia. “Se, no século XIX, as verdadeiras mulheres não tinham prazer e as que tinham eram doentes, hoje, se as mulheres não tem prazer, só podem estar doentes”, avalia. Haverá maior espartilho à liberdade do que este? A opinião pode parecer exagerada, mas este é um sinal dos tempos que muitas estatísticas comprovam.

As dúvidas persistem noutros campos da sexualidade feminina. Basta lembrar que três décadas passadas desde a “descoberta” do ponto G, a sua (in)existência continua a dividir psicólogos e sexólogos, e, claro está, a desesperar casais nos quatro cantos do planeta. Mesmo se algumas mulheres (e provavelmente muitos homens) dizem tê-lo sentido, anos de pesquisa e especulação não chegaram para confirmar a presença destes dois centímetros de prazer absoluto. Ainda meses atrás, foi a vez de um grupo de cientistas do King´s College de Londres colocar mais um ponto e vírgula na questão, anunciando a impossibilidade de encontrá-lo. A conclusão surgiu depois de uma extensa análise das anatomias e dos hábitos sexuais de mil e oitocentas mulheres britânicas. “É praticamente impossível achar-lhe o rasto”, terá dito Tim Spector*, um dos líderes da investigação. Mas a determinação do investigador dificilmente acalmará os ânimos de algumas imprensas sensacionalistas e de certos terapeutas sexuais. “Centrar o prazer é um disparate (basta lembrarmo-nos que são mais de 80% das mulheres que precisam da estimulação do clitóris para atingir o orgasmo)”, defende Gabriela Moita. “Para algumas mulheres, o ponto G está no pescoço; para outras, na ponta dos dedos; cada pessoa encontra-os à sua maneira.” Uma tarefa complicada tendo em conta que passamos a infância, e parte da adolescência, a acreditar que o sexo é tão fácil como nos filmes: arrancam-se peças de roupa, soltam-se gemidos e a magia acontece.

As notícias que nos chegam da Universidade de Aveiro confirmam esta atitude. Depois de conduzir um estudo com cerca de sessenta voluntários nacionais, o Sexlab, laboratório de investigação sexual integrado naquela instituição, descobriu que as mulheres excitam-se mais com filmes pornográficos do que os homens. Mas há mais. Experiências que expõem mulheres e homens a imagens de sexo explícito comprovam que ao olhares de ambos são desviados para os mesmos pontos.

“A relação sexual transformou-se numa acrobacia, que implica atos heroicos de parte a parte” (Flávio Gikovate*)


Algo que não surpreende Mário Boto Ferreira*. “Nestas situações, tanto as mulheres como os homens demonstram o tipo de reações fisiológicas que normalmente acompanham a excitação sexual, mas, quando questionados, eles assumem-se mais excitados do que elas”, clarifica. Por outras palavras, os impulsos estão lá, mas não à-vontade para os revelar.

Outros dos “maiores erros do pensamento psicanalítico”, lembra Flávio Gikovate, “é a crença de que sexo e amor fazem parte do mesmo impulso instintivo”, ou que “excitação e desejo são a mesma coisa”. E as diferenças entre excitação e desejo ganham especial relevância na hora de medicar ou não a sexualidade feminina. “O desejo implica atividade, uma busca por algo que nos é exterior; a excitação, por sua ver, identifica um estado interior de inquietação, que pode ocorrer sem influencia exterior”, clarifica o médico brasileiro. Por outras palavras, é normal que os casais que estão juntos há muito tempo sintam menos desejo um pelo outro, mas são muitas as formas de dar a volta à situação. Seja com a ajuda de um novo tratamento, de um vibrador mais potente ou de um tema de Barry White ou Mavin Gaye.


Referências e notas:



  1. *Rosário Mello e Castro. Jornalista e editor da Revista VOGUE/Portugal. Revista VOGUE Portugal set./2010.
  2. *Liz Canner. Cineasta americana, faz documentários sobre arte pública digital e projetos de mídia sobre questões de direitos humanos. Ela muitas vezes emprega tecnologias de ponta para explorar as questões sociais a partir de uma nova perspectiva. Um bom exemplo disso é o seu documentário Sinfonia de uma Cidade que foi aclamado pela crítica. Seu documentário Abraço mortal: Nicarágua, o Banco Mundial e o FMI (1995), foi um dos primeiros filmes a olhar criticamente para os efeitos do Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e a política de globalização. Dirigiu o Orgasm Inc.: A Ciência do estranho do Prazer Feminino (Cannes, 2009), um documentário de longa metragem de investigação sobre a indústria farmacêutica e saúde da mulher. Formou com honras em Antropologia e Artes Visuais da Brown University em 1991. Ela possui mais de 50 prêmios, honrarias e subsídios para o seu trabalho, incluindo o Rockefeller Foundation Fellowship Next Generation Leadership para "a criação de projetos inovadores de mídia para o fortalecimento da democracia".
  3. *Oprah Winfrey. Oprah Gail Winfrey (Kosciusko, 29 de janeiro de 1954), mais conhecida simplesmente por Oprah Winfrey, é uma apresentadora de televisão e empresária estadunidense, vencedora de múltiplos prêmios Emmy por seu programa The Oprah Winfrey Show, o talk-show com maior audiência da história da televisão estadunidense. É também uma influente crítica de livros, uma atriz indicada a um Oscar pelo filme A cor púrpura e editora da revista The Oprah Magazine. De acordo com a revista Forbes, Oprah foi eleita a mulher mais rica do ramo de entretenimento no mundo durante o século XX, uma das maiores filantropas de todos os tempos e a primeira mulher negra a ser incluída na lista de bilionários, em 2003. Em 2010, é a única mulher a permanecer no topo da lista por quatro anos. Apresentou o programa de entrevistas, The Oprah Winfrey Show, que ficou no ar durante vinte e cinco anos. Seu último programa foi ao ar em 25 de maio de 2011. Oprah agora irá dedicar-se a sua própria rede, OWN (The Oprah Winfrey Network) e outros projetos pessoais. Oprah também é Psicóloga, e foi a apresentadora mais bem paga da história da televisão estadunidense, e ganha cerca de 50 milhões de dólares por mês com todas as suas incumbências profissionais.
  4. *Marta Crawford. Psicóloga Clínica, pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), especialista em Sexologia Clínica pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Terapeuta Sexual credenciada pela Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica e Terapeuta Familiar pela Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar. Foi professora na Universidade Lusófona, pertenceu à equipa de aconselhamento e encaminhamento telefônico da linha SOS Dificuldades Sexuais. Trabalhou no Instituto de Emprego e Formação Profissional e colaborou no acompanhamento psicológico de doentes do Serviço de Psicoterapia Comportamental do Hospital Júlio de Matos. Formadora, conferencista e terapeuta, apresentou o programa televisivo "AB Sexo", na TVI em 2005 e 2006,colaborou na rubrica de Psicologia no programa "Factor M" na RTP1, em 2007, e apresentou o programa "Aqui Há Sexo", na TVI24 em 2009. O programa "100 TABUS", estreou em 2012 e atualmente ainda se encontra em exibição na SIC MULHER. Foi cronista do Diário de Notícias, do Mundo Universitário, da revista Lux Woman e do Jornal i. Publicou o seu primeiro livro Sexo sem Tabus, em Outubro de 2006, e Viver o Sexo com Prazer - Guia da Sexualidade Feminina, em Março de 2008, e Diário Sexual e Conjugal de um Casal, em 2011.
  5. *Flávio Gikovate. É médico-psiquiatra, psicoterapeuta, conferencista e escritor. Atualmente apresentando o programa “No Divã do Gikovate”, na rádio CBN, e dedicando a maior parte do tempo à clínica. Com 32 publicados já vendeu um milhão de exemplares, foi colunista na Folha de São Paulo, revista Cláudia, teve um programa na TV Bandeirantes e, desde 2007, apresenta o premiado “No Divã do Gikovate” pela rádio CBN (edição nacional).
  6. *Gabriela Moita. Psicóloga, desenvolve um vasto trabalho na área da sexualidade e é co-responsável, por um programa televisivo sobre amores difíceis (na TV Portuguesa). Tem centrado a sua investigação na área da homofobia, de modo a poder perceber como se pode anulá-la, desmontando a sua construção, e permitir que as pessoas possam viver num mundo que dê possibilidades a todos. Em 2003, recebeu o Prêmio Arco-íris, pela Associação ILGA Portugal, como forma de reconhecimento e incentivo à sua luta contra a homofobia.
  7. *Tim Spector. Professor de Epidemiologia Genética do Kings College de Londres e diretor do Departamento de Pesquisa de Gêmeos e Epidemiologia Genética do Hospital St Thomas, em Londres. Professor Spector formou Hospital Medical School de São Bartolomeu, em Londres, em 1982. Depois de trabalhar em Medicina Geral, ele completou um mestrado em Epidemiologia, e seu grau de MD, da Universidade de Londres, em 1989. Escreveu vários artigos originais sobre a hereditariedade de uma ampla gama de doenças e traços, incluindo dor nas costas, acne, inflamação, obesidade, memória, habilidade musical e sexualidade.
  8. *Mário Boto Ferreira. Psicólogo. Professor da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa e doutorado em Psicologia Social.


07/11/2013

Desejos e erotismo femininos em "Tram"

Ponto de vista feminino em meio à tradição tcheca de Michaela Pavlátová


Por redação ADM

Michaela Pavlátová* é uma artista completa e com muita coragem. Ela vive perto dos limites, aborda sem medo temas ainda polêmicos, como a sexualidade e o erotismo feminino. A artista tcheca já é figura carimbada no Anima Mundi que em 2012 trouxe seu filme "Tram", às telas brasileiras. E é sobre ele que escrevemos a seguir.


Foto: A condutora de Tram e seus passageiros: os desejos femininos 
como pauta na animação


Em Tram, Michaela aborda a rotina e os desejos de uma condutora de bonde, que se entrega as fantasias eróticas envolvendo seus passageiros. O curta foi feito como parte do projeto Sexperiencies, produzido pela Association Beaumarchais e Procirep, que realizou uma coleção de curtas que exploram a sexualidade feminina.


Foto: animadora, produtora, cineasta e diretora Michaela Pavlátová


E esse é justamente um dos diferenciais de Michaela em meio à tradição tcheca de animação: o ponto de vista feminino. Em um país com nomes de peso como Jiří Trnka e Jan Švankmajer – que veio ao Brasil como convidado do Anima Mundi de 95 – era necessário uma visão diferenciada. Em comparação aos artistas anteriormente citados, os interesses da animadora são muito mais pessoais, exploram as motivações emocionais por trás dos dramas banais do cotidiano.

Ela mesmo confessa essa tendência no seu curta-metragem This Could Be Me: “Eu gosto do mundo das coisas comuns. A realidade pode ser mais interessante do que a ficção. (…) Eu gosto de observar as pessoas, de observar seus rostos e criar histórias escondidas atrás de suas palavras.


Trailer do curta "Tram" de Michaela Pavlátová


Mas ao mesmo tempo, a artista indicada ao Oscar em 1992 tem similaridades com a tradição de seu país, que como o escritor especialista em animação Chris Robinson define é conhecido por “uma combinação estranha do racional com o absurdo“. E nisto Pavlátová é especialista. A animadora utiliza-se de associações e símbolos (como a marcha que a condutora de Tram manuseia, assim como os bilhetes que seus passageiros inserem na caixa do bonde) carregados de significado para transmitir suas histórias, que são uma mistura de ironia, humor negro, e claro, um deleite pelo absurdo e pelo erotismo. Quem disse que animação é só para as crianças?


Sobre a autora:


Os filmes animados de Pavlátová receberam vários prêmios em festivais de cinema internacionais, incluindo uma indicação ao Oscar em 1993 para o 65º Prêmio da Academia e o Grande Prêmio do Festival Internacional de Cinema de Montreal por Reci, Reci, Reci/Words, Words, Words. Seu curta animado Repete ganhou uma série de prêmios, incluindo o Urso de Ouro de melhor curta no Festival internacional de Cinema de Berlim em 1995, o Prêmio Especial do Júri no Festival de Cinema de Animação de Annecy em 1997 e o Grande Prêmio no Festival Internacional de Animação de Hiroshima em 1996.


Seu filme mais recente, Tram, ganhou o prêmio Cristal de Annecy no Festival de Cinema de Animação de Annecy em 2012, e é um provável candidato ao Oscar em 2012. O filme retrata as fantasias eróticas de uma condutora de bonde, e foi concebida como parte de uma antologia chamada Sexperiences, dirigida por Sandra Schultze, e produzida por Ron Dyens, pela produtora Sacrebleu Productions. De acordo com o crítico Olivier Cotte, "desejo e sensualidade são preocupações constantes" dos filmes de Pavlátová. O filme demorou seis meses para ser produzido, usado o software Adobe Flash.

Entre 1998 e 2001, Pavlátová dividiu seu tempo entre Praga e São Francisco, onde ela começara a trabalhar como diretora de arte na companhia Wild Brain. Na empresa, ela produziu trabalho comercial para marcas como Nestlé, Kodak e Mazda, além de criar e dirigir Graveyard, uma série animada sobre infortúnios que resultam na morte. Graveyardfoi exibida na sessão Panorama em Annecy e ganhou o primeiro prêmio em sua categoria no festival World Animation Celebration. A série foi originalmente criada em Adobe Flash como um site interativo que imitava um cemitério, no qual cada episódio era exibido à medida que o usuário clicava em determinada lápide. Posteriormente algumas histórias foram selecionadas e compiladas na forma de um filme animado. Pavlátová, sobre sua adoção do Flash no fim dos anos 90, disse: "É uma grande e repentina liberdade para os animadores, agora eles podem trabalhar em casa".


Referências e notas:



  1. * Michaela Pavlátová. Formada na Academia de Artes, Arquitetura e Design de Praga em 1987. Ela ensina animação em Praga na FAMU / Academia de Artes Performáticas em Praga, Escola de Filme e TV (Tcheco: Filmová a televizní fakulta Akademie múzických umění v Praze). Ela também ensinou na VSUP / Academia de Artes, Arquitetura e Design em Praga (Tcheco: Vysoká škola uměleckoprůmyslová v Praze, abreviada VŠUP). Em São Francisco ensinou na Academy of Art University, no Computer Arts Institute e no California College of the Arts, assim como no Departamento de Estudos Visuais e Ambientais na Universidade de Harvard.
  2. Wikipédia. Verbete Michaela Pavlátová.
  3. Anima Mundi. Disponível em: clique aqui.

04/11/2013

5 dicas de como aumentar o prazer durante o sexo

5 preliminares para aumentar o prazer durante o sexo

Por Redação ADM



Românticas ou não, a maior parte das mulheres sempre espera uma noite de amor com horas e horas de sinos tocando durante o sexo. Na vida real, no entanto, maratonas sexuais podem ser um pouco frustrantes. Na verdade, diversas pesquisas já mostraram que a maior parte dos casais prefere que o sexo dure não mais do que 15 minutos.



Foto: Kiss. Fonte: Banco de imagens royalty free

Para aumentar o prazer nessas "rapidinhas" - que convenientemente se encaixam bem na rotina cada vez mais atribulada dos jovens casais -, a revista Health Magazine elaborou algumas dicas para fazer desses poucos minutos momentos de pura excitação para você e seu parceiro. Confira:
  1. Não pare de beijar. Beijinhos e beijões durante as tarefas comuns aumenta a velocidade com que você e o parceiro ficam excitados, pois o organismo já começa a se preparar para o sexo. Além disso, o gesto fará com que vocês se sintam mais íntimos, sem que a rapidez deixe uma sensação de vazio depois.
  2. Mantenha-se vestida. Por que perder minutos preciosos tirando a roupa? Além disso, deixar uma peça aqui e ali é uma poderosa forma de excitar o parceiro. É como se ambos não pudessem esperar em segundo para curtirem o sexo.
  3. Mudem de lugar. Cinco minutos de sexo na cama provavelmente não a deixará tão feliz. Mas cinco minutos durante o banho? Ou na mesa da cozinha? A novidade é sempre um poderoso aliado para aumentar a excitação, especialmente quando há o risco de serem flagrados por alguém.
  4. Fantasie. Quando você está tentando entrar no clima o mais rápido possível, fantasiar com cenas excitantes pode ajudar - e muito! - no processo. Isso porque o cérebro irá reagir às imagens e preparar o corpo para o sexo. Além disso, você irá ficar mais concentrada no parceiro, o que já é por si só uma excelente preliminar. 
  5. Converse. Não, não estamos falando de uma DR em pleno sexo. Fale com seu parceiro durante o ato. Sussurre, grite, fale coisas doces ou apimentadas. Isso ajuda ambos a manter o foco um no outro e a lembrar do que os dois têm de especial que os mantém atraídos. 

Referências e notas:

  1. Revista Health. Disponível em: http://www.health.com/health/ 
  2. Foto: banco de dados royalty free.