OPINIÃO

OMS vai varrer "cura" gay do mapa


Por Barbara Gancia*









No primeiro feriado do Dia da Consciência Negra, eu zoei do nome: "Taí. Um dia pra comemorar meu estado de espíri­to". Realmente não entendi porque parar de trabalhar para celebrar a diferença entre tapuias que somos todos debaixo do mesmo céu de anil.

Mesma coisa quando veio a Lei Maria da Penha. Custei a entender que a mulher precisava de um habi­tat só para ela, que os órgãos dispo­níveis não davam conta.

Demorei a entender a importân­cia da simbologia. Só neste ano fui perceber o tamanho do absurdo de o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Paraná, composto na maioria por juízes brancos, ter proibido liminarmente a própria existência do Dia da Consciência Negra em Curitiba. Mas, pela graça do Todo Poderoso, uma distorção dessas hoje não passa mais despercebida, e logo os 25 magistrados que bateram o martelo serão forçados a mudar de ideia com o rabinho entre as pernas.

Pela Constituição, estão assegurados direitos de mulheres, negros, crianças e judeus (lembra do caso do neonazista que negou a existência do Holocausto em livro e acabou condenado pelo STF?)

É verdade que muitos continuam cegos. O que importa é que leis de proteção aos mais vulneráveis não foram feitas para mudar burro ve­lho. Servem para educar as próxi­mas gerações. Na marra. Não res­peitou? Então engula aqui uma sanção bem salgada.

Só que, daí, como ficam aqueles que precisam metabolizar o ódio ou quem vive de explorar o precon­ceito e a dor? Mas é claro! Ainda so­bram os gays, essa corja de anor­mais, vamos todos cair de pau ne­les. Por pressão da bancada evan­gélica, a PLC 122, projeto que pro­põe a Lei Anti-Homofobia, acaba de ser retirada da pauta pela Co­missão de Direitos Humanos (CDH) do Senado.

Mas como tem muito querubim se mexendo no céu e agitando com o Lá de Cima ­--dá-lhe Cazuza, Santos Dumont, Lota de Macedo Soares, Cássia Eller!-- nos próximos dias 25, 26 e 27, a Psiquiatria da Escola Pau­lista de Medicina da Unifesp, junta­mente com a Organização Mundial da Saúde, promoverà debate públi­co em SP sobre as revisões que se­rão feitas na Classificação Interna­cional de Doenças (CID-11), no que diz respeito à sexualidade.

Em outros sistemas classificató­rios de doenças mentais, a homos­sexualidade já deixou de ser doença há tempo. Mas lembra daquela psiquiatra do Rio que se baseava no ar­tigo F66 do CID-10, que tratava como transtorno do ego-distônico, ou seja, o indivíduo que sofre por não aceitar sua sexualidade? E lembra que ela insistia que "cura" gay deve­ria continuar sendo prática legali­zada por conta disso? Pois na nova edição da CID, listagem que orienta a Saúde do mundo inteiro, essa dis­crepância acabou.

No entender da OMS, qualquer orientação sexual deve ser encara­da como parte natural do desenvol­vimento. Está fora de questão pato­logizar. Um dia, quando formos todos menos ogros, conseguiremos entender o que gente como a filósofa Márcia Tiburi já diz há muito: que não existe sexo. Todos somos humanos com doses maiores ou menores de hormônios masculino ou femini­no. Nesse quadro, encaixa-se um amplo espectro que mistura não só hormônios como influências externas de toda sorte, não há estudo que determine exatamente de onde vem a orientação sexual. Como também não há estudo que diga por que eu gosto de picolé de limão, mas odeio coentro. Só não venha pegar no meu pé por isso!


Referências e notas:

  1. *Barbara Gancia. Jornalista e colunista, co-apresentadora do programa "Saia Justa" exibido no canal GNT. 



A mulher sexualmente livre: a de verdade
















Tenho insistido no fato de que a indústria pornográfica tem nos imposto um modelo de mulher que está fundado no fingimento. Têm um comportamento sexual que, mesmo falso, seria o dos sonhos dos homens: aceitam todo o tipo de prática, têm uma postura geral de submissão (ajoelham-se para fazer sexo oral neles), dão demonstrações ruidosas de prazer, especialmente quando são penetradas. Isso tanto na penetração vaginal como anal. Dizem várias vezes que estão gozando, de modo que estariam tendo orgasmos fáceis em qualquer destas circunstâncias. A submissão chega ao extremo quando elas oferecem a face para que os homens ejaculem.



Não dão sinais de estarem tendo prazer tão intenso quando são os homens que fazem sexo oral nelas. Isso parece ser apenas uma das preliminares, e que acontece sempre de forma um tanto rápida (exceção talvez ao sexo oral que elas fazem neles, mais demorado e cheio de sofisticações).


É tudo muito diferente da vida real, onde homens e mulheres gostam muito dos prolongados beijos na boca, nas carícias manuais por sobre a roupa, da descoberta delicada e pausada das partes dos corpos que vão se mostrando aos poucos. Tudo sempre intercalado com beijos na boca e também em outras partes da cabeça e pescoço.

A realidade é que a grande maioria das mulheres se excita mais facilmente por meio da estimulação do clitóris do que da penetração vaginal ou anal. Os beijos mais ardentes são parte essencial do processo de entrar no clima erótico. São o sinal de que se pode ir adiante. É o modo como o tom romântico caminha para o erótico, completamente diferente. Sim, porque o erótico é mais grosseiro, mais rude, mais “mamífero” e um pouco mais vulgar. Isso é verdade também na realidade e é assim que tem que ser porque a atmosfera romântica encaminha mais na direção da ternura do que do tesão.

A descrição que faço certamente está prejudicada pelos meus olhos masculinos e pelos erros que cometo na empreitada de tentar penetrar na forma como sente uma outra pessoa – e tão diferente, ao menos neste aspecto, como é a mulher do homem. Mas a impressão que tenho é a de que as mulheres de verdade e que são verdadeiramente livres do ponto de vista sexual vão, aos poucos, se entregando à excitação que toma conta delas à medida em que são tocadas. As mulheres são muito sensíveis aos estímulos tácteis, de modo que aquelas que não têm medo e nem freios de outra ordem (ligados, como regra, ao desejo de controlar a relação) vão entrando num clima de entrega, de se deixarem perder naquele amontoado de sensações. Vão se abrindo. Isso pode ou não vir acompanhado de manifestações ruidosas, sendo fato que um volume maior de ruídos não indica obrigatoriamente maior intensidade de sensações.

As mulheres são particularmente sensíveis à estimulação clitoridiana justamente porque lá se encontram terminações nervosas em grande concentração, o que provoca a máxima intensidade da excitação determinada pelos estímulos tácteis. O mesmo não acontece durante a penetração vaginal, órgão essencialmente reprodutor e pobre em terminações nervosas (se a vagina fosse muito inervada, as dores do parto seriam insuportáveis, já que nesta ocasião terá que passar um feto cujo diâmetro da cabeça é de cerca de 15cm). É claro que existem estímulos eróticos que derivam de aspectos simbólicos e não apenas da estimulação nervosa. Assim, uma mulher pode gostar de se sentir penetrada – possuída, como se dizia antigamente – pelo homem que ela gosta.

Este é o momento para reafirmar que todo este processo de se descontrair e de se descontrolar, de se entregar de corpo e alma à estimulação sexual, costuma acontecer apenas quando a mulher está transando com um parceiro que seja pessoa amada; ou então, amiga e conhecida o suficiente para que possa se estabelecer um clima de confiança e segurança a ponto dela se soltar da forma que descrevi. Assim, ainda que o amor não participe intensamente da hora da transa, o fato do parceiro sexual ser o objeto do amor e da confiança aumenta muito as chances de uma mulher conseguir a proeza de se deixar levar por sua excitação sexual.



Acredito que algumas mulheres aprendam a lidar com sua sexualidade de uma forma tão serena e segura que consigam se deixar “embriagar” pela excitação erótica mesmo com um parceiro que mal conhecem. Porém, são poucas. Aliás, são poucas as mulheres que querem efetivamente aprender a serem assim: tão donas de si e de sua sensualidade. A maioria prefere mesmo o relacionamento com parceiro sentimental. Isso tem a ver também com o que acontece no final, quando homens e mulheres saem deste estado de êxtase solitário (sim, porque a intensidade erótica muito intensa nos faz presos a nós mesmos e sem condição de olhar muito para o parceiro) e sentem muito prazer em encontrar a seu lado aquele a quem amam. É bom registrar com ênfase que o vazio relacionado com o fim da relação sexual talvez seja até maior no homem que na mulher. Ou seja, os rapazes que evitam o sexo sem compromisso estão mesmo é pensando no buraco no estômago que irão sentir no final.

Enfim, o que quero passar é que a mulher sexualmente livre “viaja” corajosamente em suas sensações de excitação, experimenta ou não orgasmos (o que não é tão importante quanto se pensa) e depois gosta mesmo é de “aterrisar” no ombro do companheiro querido.


Referências e notas:

  1. *Flávio Gikovate. É médico-psiquiatra, psicoterapeuta, conferencista e escritor. Atualmente apresentando o programa “No Divã do Gikovate”, na rádio CBN, e dedicando a maior parte do tempo à clínica. Com 32 publicados já vendeu um milhão de exemplares, foi colunista na Folha de São Paulo, revista Cláudia, teve um programa na TV Bandeirantes e, desde 2007, apresenta o premiado “No Divã do Gikovate” pela rádio CBN (edição nacional).
  2. Fotos: banco de imagens royalty free. Divulgação autor.



Marina Silva, casamento gay, política... E eu com isso?



Por Michele de Carvalho Souza*









Sempre acreditei que política e religião não deveriam se misturar. A política é feita pelo povo e para o povo. Somos nós que temos o supremo dever de eleger governantes que, a nosso ver, possam lutar por um país melhor e mais justo para todos. Penso que a religião não deve influenciar decisões e muito menos deve direcionar como uma pessoa deve se portar em sua trajetória no cenário político. Pois bem, vamos falar da política Marina Silva e sua posição contrária ao casamento gay.

Tenho admiração pela pessoa de Marina Silva por saber que ela veio de família humilde, sem muitas condições financeiras e chegou aonde chegou. No entanto, a política Marina Silva sempre me deixou com uma pulga atrás da orelha. Muito calada, esperando o momento certo para falar, dando a cara à tapa somente quando necessário. E foi o que aconteceu recentemente.


Foto: Marina Silva. Nome: Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima.
É uma ambientalista, historiadora, pedagoga e política brasileira recentemente 
filiada ao Partido Socialista Brasileiro. Fonte: Internet, montagem ADM.


Pois bem, vemos Marina Silva no meio de um turbilhão envolvendo os gays, a política e a sua orientação religiosa. “O casamento é uma instituição entre pessoas de sexos diferentes, uma instituição que foi pensada há milhares de anos para essa finalidade”, afirmou em entrevista ao site UOL. Ah, Marina Silva, que infelicidade essa declaração de vossa parte. Ao afirmar tal crença, ela banaliza e discrimina todos aqueles que lutam por um Brasil mais humano e menos segregador. Ela ainda tentou amenizar as palavras acima dizendo que é a favor da união civil “de bens” entre homossexuais. E a união civil por amor não pode? 

Penso que a pessoa Marina Silva tem todo o direito de ser contra o casamento gay, afinal cada cabeça, uma sentença. Mas como política que é, legítima representante do povo, ela deveria deixar de lado sua religião e pensar nos direitos que devem ser para todos e não apenas para uma parte da população. E dizer que esse pensamento se justifica em suas crenças religiosas, Marina toma para si uma posição coronelista, retrógrada e preconceituosa. Não voto em Marina e nem nunca votarei. Porque a partir do momento em que ela prefere perder votos e validar sua posição do que lutar também a favor dessa parcela da população, a perda não é só dela, mas sim de todos nós. Perdem os gays, perde o Brasil e perdem todos aqueles que tentam melhorar o mundo de alguma forma.


Referências e notas:

  1. *Michele de Carvalho Souza. Formada em Letras e pós-graduada em ensino da língua inglesa pela UFMG. Leciona Inglês há 15 anos, trabalhou em diversas instituições entre elas a USIMINAS e Colégio Loyola. Professora e tradutora de Inglês. Possui ainda vasta experiência como coordenadora pedagógica. Certificada internacionalmente pela Universidade de Cambridge, possui 3 cursos de aperfeiçoamento concluídos em Londres e nos EUA. Trabalha atualmente como professora na Cultura Inglesa em Belo Horizonte/MG.
  2. Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre. Verbete: Marina Silva.
  3. Fotos: Internet. Sites de fotos, domínio público. Divulgação autor

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