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18/01/2014

Raízes Históricas da Sexualidade

Por Cláudio Eduardo Resende Alves*


“Os adolescentes estão prontos a transformar qualquer desejo em ação. Dos desejos corporais, estão mais dispostos a ceder ao desejo sexual, não exercendo autocontrole.”
Aristóteles – 384-322 a C.


Foto: Detail from The Birth of Venus. Óleo sobre tela. 
Autor: William-Adolphe Bouguereau (1825–1905). 
Fonte: Art Renewal Center image


A visão da sexualidade no tempo nos ajuda a entendê-la não como proposta individual, mas sim vinculada a uma relação de poder de ordem político-econômica, cultural, social, religiosa, moral e ética, subordinando conceito e comportamento sexual do indivíduo a valores e instituições que evoluem de forma dinâmica, a cada época, nas diferentes civilizações. 

Hebreus:
  • No Gênese a sexualidade é descrita como desejada por Deus e criada como algo bom.
  • Nas passagens bíblicas se observa uma estreita relação entre o sexo e a reprodução através do casamento.

Gregos
  • O homem assumia uma posição especial desde o nascimento, recebendo educação formal ( música, poesia, aritmética, esportes ...).
  • A mulher, ao contrário, não recebia educação formal. Ficava confinada em casa desde o nascimento até o casamento.
  • Nota-se no casamento da época a completa dissociação entre o sexo-reprodução e o sexo-prazer.
  • Época dos Deuses Gregos: EROS – amor carnal, ÁGAPE – amor espiritual.
  • Amor platônico.

Romanos
  • “O marido é o juiz da esposa. Se ela cometeu uma falta, ele a castiga; se ela tomou vinho, ele a condena; se ela é culpada de adultério, ele a mata”, segundo as palavras de Catão.
  • Os romanos eram rigorosamente monogâmicos.
  • O casamento era uma questão pessoal e não requeria sanção religiosa ou governamental, apenas o consentimento paterno.
  • Apesar da mulher ter conquistado alguns direitos e uma certa liberdade, ela ainda era vista como objeto.
  • Época de extravagâncias, prazeres, grandeza e glória.

Cristianismo:
  • A virgindade foi mais exaltada.
  • A poligamia abolida.
  • As relações sexuais eram permitidas apenas para a procriação.
  • Nova religião que escarnecia e castigava os prazeres.
  • É aceito que o Cristianismo aperfeiçoou a natureza bárbara do homem, fazendo-o voltar-se para o seu próximo, para o amor altruísta e também proporcionou novas oportunidades para a mulher.

Idade Média:
  • Para a nobreza, a virgindade deveria ser preservada até o casamento.
  • Para os camponeses, não havia esta imposição de se manter a virgindade.
  • O casamento era um contrato comercial.
  • Sociedade de caráter machista.
  • Há poucas referências à felicidade verdadeira ou à satisfação emocional na relação matrimonial.

Renascença:
  • Luta entre a religião da Idade Média e o Humanismo da Renascença.
  • A mulher foi glorificada por Botticelli, Giorgione e Ticiano.
  • Do séc. XVI para o XVII, o Iluminismo fizera com que o sexo não parecesse tão pecaminoso nem tão repulsivo.
  • Homens e Mulheres podiam começar a associar o Sexo com o Amor.

Idade da Razão:
  • O racionalismo de Galileu e Newton marcaram a época com as descobertas científicas.
  • O dogmatismo religioso deu lugar à razão.
  • As classes sociais mais elevadas buscavam o prazer desvinculado do afeto e do matrimônio.
  • A mulher desta época, já adquiriu maior número de direitos.
  • Datam desta época, também, as leis mais liberais no que diz respeito ao divórcio.

Romantismo:
  • Caracterizado pelo movimento literário, político e social – ROMANTISMO.
  • Presença marcante de sentimentos melancólicos e tempestuosos.
  • Os românticos restringiam sua sexualidade e deixavam fluir torrencialmente suas emoções.
  • Era o nascimento da ERA VITORIANA que foi caracterizada por uma veneração exagerada da vida doméstica e do amor romântico.
  • Modelo de felicidade conjugal – “anjo do lar”.

Século XX:
  • Morton Hunt, em seu livro “The Natural History of Love”, chama a nossa era de “A Idade do Amor”, pois nunca se dedicou tão elevada consideração ao amor.
  • Surgimento da Psicanálise de FREUD com suas teorias acerca da sexualidade humana.
  • Movimento Feminista – direitos financeiros e sociais,direito ao voto, liberdade sexual, aborto , pílula anticoncepcional.
  • Revolução Industrial – abertura no mercado de trabalho.
  • Desenvolvimento dos meios de comunicação – telefone, revistas, filmes, automóvel, televisão...
  • Maior liberdade sexual.

Século XXI:
  • AIDS, Viagra, Terapia sexual, Metrossexual, Inseminação Artificial, HPV, pílula do dia seguinte, Movimento Social LGBT, Movimento Feminista, Estudos sobre Gênero e Diversidade sexual entre outros.

Fontes e Referências:

  1. *Cláudio Eduardo Resende Alves. Formado em Ciências Biológicas (PUC/MG), doutorando em Psicologia pela PUC Minas, mestre em Ensino de Biologia pela mesma universidade e especialista em Educação Afetivo-Sexual pela Fundação Mineira de Educação e Cultura (FUMEC). Integrante do Núcleo de Gênero e Diversidade Sexual da Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte, onde desenvolve pesquisas sobre as temáticas de sexualidade, gênero e diversidade sexual em interface com o universo da educação. Além disso, participa da elaboração, implementação e monitoramento de políticas públicas de enfrentamento do sexismo e da homofobia nos espaços de convivência escolar. Palestrante e autor do blog: Educação afetivo-sexual na Prefeitura de Belo Horizonte. (Adaptação do livro de Vagner Lapate. Educando para a vida: sexualidade e saúde. São Paulo: Sttima, 1999).
  2. Blog do autor: Educação Afetivo-Sexual na Prefeitura de Belo Horizonte.