05/12/2013

25 MITOS e VERDADES sobre as DST´s

Por redação ADM


Foto: Mitos e Verdades. Fonte: montagem ADM


1. As DSTs facilitam a transmissão sexual do HIV?


VERDADE: "Tanto o comportamento sexual arriscado, como as lesões de pele e mucosas (muitas vezes internas ou microscópicas) de pessoas com DST podem tornar mais fácil uma pessoa se infectar com o vírus HIV", explica Alessandra Bedin Ciminelli Rubino, ginecologista e obstetra do Hospital Israelita Albert Einstein.


2. A camisinha não protege contra todas as DSTs?


VERDADE: algumas doenças sexualmente transmissíveis podem causar feridas em regiões não cobertas pelo preservativo. Mas é importante frisar que a camisinha, ainda assim, é o melhor método para evitar as DSTs - inclusive a Aids - impedindo o contato com sangue, esperma e secreção vaginal. Se utilizada corretamente, o preservativo diminui o risco de contágio para 5%. 


3. É possível contrair DST compartilhando roupas íntimas?


PARCIALMENTE VERDADE: o tema é controverso. Isso porque é muito difícil um vírus ou bactéria, por exemplo, sobreviver em uma peça de roupa íntima (cueca ou calcinha) ou em uma toalha de banho. Mas alguns pesquisadores acreditam que algumas DST, como o HPV, possam ser transmitidas dessa forma. Na dúvida, o melhor é evitar compartilhar roupas íntimas e toalhas, e sempre ter muito cuidado com sua higiene.


4. Toda ferida ou corrimento genital é uma DST?


MITO: apesar do fato de que a maioria das DSTs cause feridas e corrimento genital, existem outras causas. Para saber o real motivo dos problemas e, assim, ter o tratamento correto, é necessário procurar um serviço de saúde.


5. Beijo na boca pode transmitir DST?


PARCIALMENTE VERDADE: o fato é que nenhuma das relações sexuais sem proteção é isenta de risco. "Qualquer tipo de contato entre mucosas e feridas com secreções corporais pode transmitir DSTs. E em algumas delas isso é ainda mais frequente, como o herpes", afirma Alessandra Bedin Ciminelli Rubino, ginecologista e obstetra do Hospital Israelita Albert Einstein. No entanto, é muito difícil se pegar uma DST através do beijo na boca. Isso porque a saliva tem várias substâncias prejudiciais a vírus e bactérias. Assim, a possibilidade de alguém ser infectado durante um beijo é mínima (o risco é menor de 0,1%) e existe apenas se houver um ferimento grande na boca.


6. Os sinais de uma DST podem aparecer em outras regiões do corpo?


VERDADE: apesar de as doenças venéreas geralmente se manifestarem na genitália externa, elas também podem atingir a próstata, o útero, os testículos e outros órgãos internos. Algumas DSTs, quando não tratadas, podem ter graves consequências em outras regiões do corpo: o HPV pode levar ao câncer uterino, de ânus, de pênis e de garganta, e a sífilis pode afetar o sistema neurológico.


7. Algumas DSTs podem ser transmitidas por picada de inseto?


MITO: mosquitos, pernilongos ou outros insetos não podem transmitir DST. Elas somente são contraídas através da troca de fluidos nas relações sexuais (sexo oral, anal e vaginal) sem camisinha com alguém infectado, recepção de sangue contaminado, compartilhamento de agulhas e seringas, materiais perfuro-cortantes contaminados e de mãe infectada para o filho, quando não há os cuidados necessário.


8. Equipamentos de salão de beleza ou de tatuagem podem transmitir DST?


VERDADE: objetos perfuro-cortantes com presença de sangue contaminado podem transmitir algumas DSTs, como a Aids e as hepatites B e C. Mas só se os instrumentos não forem devidamente esterilizados. "Se a pessoa facilita o contato com objetos que contenham traços sanguíneos, como seringas e agulhas utilizadas para outra pessoa, pode se infectar no caso dessas doenças", alerta Regina Figueiredo, coordenadora de Projetos em Saúde Sexual e Reprodutivos do Núcleo de Estudos para a Prevenção Aids (Nepaids) da USP e pesquisadora do Instituto de Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo.


9. Mães infectadas podem transmitir a doença para seus filhos?


VERDADE: a mulher grávida pode transmitir para o seu filho várias DSTs. O HIV, vírus da Aids, e o treponema, agente da sífilis, podem infectar o feto ainda no interior do útero. A gonorreia, a clamídia e o herpes podem ser transmitidos para o bebê no nascimento, no momento de sua passagem pelo canal do parto. O HIV também pode ser transmitido ao bebê através da amamentação. "Em função disto, no início do acompanhamento pré-natal, são solicitados vários exames, dentre eles as sorologias, pois algumas DSTs podem e devem ser tratadas para minimizar as chances de transmissão fetal", afirma Rodrigo de Freitas, ginecologista do Hospital Samaritano de São Paulo.


10. Todo filho de mulheres portadoras do HIV também terá o vírus?


MITO: bebês que nascem de mães com HIV têm até 30% de chance de serem infectadas caso não sejam tomadas as medidas de prevenção necessárias. Quando as medidas são seguidas corretamente, a possibilidade cai para 0,5%. "Hoje é possível uma mulher com HIV planejar uma gravidez e ter uma família. Se ela estiver fazendo o tratamento corretamente e com um pré-natal adequado, a chance de infectar o bebê é muito baixa", garante o médico infectologista e imunologista Esper Kallas, professor da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e coordenador do comitê de retroviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).


11. Gestantes estão naturalmente protegidas contra as DSTs?


MITO: a gravidez não confere à mulher e seu bebê nenhuma proteção especial em relação às doenças sexualmente transmissíveis. Além disso, podem trazer consequências muito graves tanto para a mãe quanto para o bebê. Uma gestante com DST pode ter parto prematuro, doença inflamatória pélvica (DIP) e até interrupção espontânea da gravidez (aborto). Já um bebê infectado pode ter conjuntivite, pneumonia, sepsis neonatal, cegueira, surdez, baixo peso ao nascer ou meningite.


12. Usar anticoncepcional, DIU ou ligar as trompas dispensa preservativo para evitar DSTs?


MITO: pílula anticoncepcional, DIU (dispositivo intrauterino) e ligadura de trompas apenas evitam a gravidez, mas não as DSTs. O melhor meio de se prevenir contra as doenças sexualmente transmissíveis (e também contra uma gravidez indesejada) é o uso de preservativo.


13. É possível ter uma DST e não apresentar sintomas?


VERDADE: algumas DSTs podem não apresentar sintomas, tanto no homem quanto na mulher. A clamídia, a gonorreia e até mesmo o HIV podem demorar anos até manifestar seus primeiros sinais. "Na maioria das DSTs os sintomas são frequentes e visíveis (úlcera genital, bolhas genitais, corrimentos, verrugas etc.), mas outras doenças, como a Aids e as hepatites, podem evoluir de maneira assintomática", afirma Rodrigo de Freitas, ginecologista do Hospital Samaritano de São Paulo. Por isso é preciso se prevenir sempre e, caso haja alguma exposição de risco (por exemplo, relação sem camisinha), é preciso procurar um profissional de saúde para fazer os testes e tirar as dúvidas.


14. Casais fiéis não precisam usar camisinha?


MITO: em primeiro lugar, porque uma pessoa pode se contaminar por outros meios (através de objetos perfuro-cortantes infectados, por exemplo) e transmitir uma doença ao parceiro. Em segundo lugar, porque sempre pode acontecer um "deslize" que exponha um dos parceiros ao risco. "Há o grupo dos parceiros sexuais em que um deles é promíscuo sem que o outro saiba, o que acaba colocando-os em risco", diz Alessandra Bedin Ciminelli Rubino, ginecologista e obstetra do Hospital Israelita Albert Einstein. Por isso é importante, mesmo em um relacionamento estável, fazer sexo com proteção.


15. Quem tem DST não pode doar sangue?


VERDADE: isso porque o sangue contaminado pode transmitir a doença ao receptor. "Por isso os portadores de DSTs não devem doar sangue", alerta Rodrigo de Freitas, ginecologista do Hospital Samaritano de São Paulo.


16. Camisinha feminina pode se perder dentro do corpo da mulher?


MITO: não é possível a camisinha feminina se perder dentro do corpo da mulher, pois ela é colocada no canal vaginal. Se acontecer da camisinha entrar inteira para dentro da vagina, deve-se retirá-la imediatamente com os dedos.


17. As mulheres são mais suscetíveis às DSTs?


VERDADE: isso ocorre em função da própria anatomia genital. "A vagina é um órgão 'virtual', cujas paredes ficam coladas, exceto na relação sexual. Em virtude disto, torna-se mais difícil sua higiene local, além de ser um local úmido e quente, o que a torna um meio propício para a proliferação bacteriana, viral ou fúngica", explica Rodrigo de Freitas, ginecologista do Hospital Samaritano de São Paulo.


18. Se o homem não ejacular na vagina, não há risco de se pegar uma DST?


MITO: as doenças sexualmente transmissíveis, inclusive a Aids, não estão ligadas necessariamente à ejaculação, mas sim à troca de secreções. Segundo cartilha do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde, apesar de os vírus, bactérias e outros agentes causadores de doenças estarem mais presentes no esperma, essa não é a única forma de transmissão. Existe a possibilidade de se contaminar com o líquido expelido antes da ejaculação ou pela secreção da vagina, por exemplo. Ou seja: mesmo sem ejacular, há o risco de infecção.


19. Sexo oral sem camisinha pode transmitir DSTs só para quem faz?


PARCIALMENTE VERDADE: realmente, quem faz o sexo oral corre mais riscos de pegar uma DST, já que está exposto ao sêmen ou ao fluido vaginal. Mas isso não quer dizer que quem recebe não corra risco nenhum. Se o parceiro tem herpes labial ou gonorréia, por exemplo, há o risco de exposição a essas doenças. De acordo com a cartilha do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde, a infecção depende também da presença de ferimentos na boca de quem pratica (gengivites, aftas, machucados causados pela escova de dente). Caso não haja nenhum ferimento na boca, o risco de contágio é menor.


20. Casais virgens não correm risco de pegar DST?


PARCIALMENTE VERDADE: casais que não tiveram outros parceiros sexuais têm uma chance pequena de transmitir uma DST entre si. Mas ainda assim existe risco. Por exemplo, um dos parceiros pode desenvolver uma infecção, causada por um micro-organismo que já habita seu corpo, como o fungo que causa a candidíase ou o vírus do herpes e, assim, contaminar seu parceiro através da relação sexual. "O sexo sempre deve ser seguro, para se evitar Aids, outras doenças sexualmente transmissíveis e até uma gravidez indesejada", afirma o médico infectologista e imunologista Esper Kallas, professor da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e coordenador do comitê de retroviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).


21. Masturbar o parceiro não transmite DST?


VERDADE: As DSTs são transmitidas através da troca de fluidos, como acontece no sexo vaginal, anal ou oral. A pele forma uma barreira protetora e, se não há nenhuma quebra desta barreira (como um machucado não cicatrizado no dedo, por exemplo), as chances de se pegar uma DST são praticamente inexistentes. "Não havendo troca de sangue, sêmen ou secreção, a prática da masturbação não implica qualquer risco de infecção", diz a cartilha do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde.


22. Engolir esperma pode transmitir doenças?


VERDADE: se fazer sexo oral sem proteção já é arriscado para se pegar algumas DSTs, engolir o sêmen aumenta as chances de transmissão de doenças como a sífilis e as hepatites, além da infecção pelo HIV. Isso porque o esperma pode conter diversos vírus e agentes causadores de doenças (em pessoas infectadas, é claro) que podem ser transmitidos.


23. Lavar o pênis ou a vagina antes do sexo oral diminui a chance de contágio?


MITO: fazer sexo oral sem proteção pode transmitir doenças, mesmo depois da vagina ou do pênis terem sido lavados. "A transmissão da doença depende da integridade das mucosas das cavidades oral ou vaginal. Independente da forma praticada, o sexo deve ser feito sempre com camisinha", alerta a cartilha sobre Aids e DSTs da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).


24. Se não ejacular na boca, não há riscos de contrair uma DST no sexo oral?


MITO: não é necessário haver ejaculação para haver o risco de contato. Algumas DSTs podem ser transmitidas no contato entre a mucosa da boca com o pênis ou com a vagina. De acordo com o médico infectologista e imunologista Esper Kallas, professor da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e coordenador do comitê de retroviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o risco de contágio é pequeno, mas ele existe. "Não existe relação com risco zero. Todas têm um risco. Até mesmo sexo oral, sem ejaculação na boca", alerta.


25. HPV pode causar câncer de garganta?


VERDADE: o papiloma vírus pode ser transmitido através do sexo oral e pode levar ao desenvolvimento do câncer de garganta. Uma pesquisa realizada pela Universidade do Estado de Ohio, nos Estados Unidos, e divulgada este ano, apontou que o vírus HPV atualmente é a principal causa do câncer de garganta. De acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), há um tipo viral oncogênico (com potencial para causar câncer) do HPV que pode causar lesões precursoras, que se não forem identificadas e tratadas podem progredir para o câncer, principalmente no colo do útero, mas também na vagina, vulva, ânus, pênis, orofaringe e boca. Mas já existe vacina contra alguns tipos de HPV, que é oferecida gratuitamente pelo SUS.



04/12/2013

Gays que tiveram filhos juntos são casais que menos se separam

2 milhões de crianças vivem com pais gays nos EUA. Casais de homens com filhos se separam menos; lésbicas se separam num ritmo parecido com o dos heterossexuais


Por redação ADM

Foto: O ator Neil Patrick Harris e o marido David Burtka
com os filhos Harper e Gideon. Fonte: Getty Images


Casais homossexuais com filhos são um padrão familiar em alta nos Estados Unidos. O jornal “The New York Times” se refere ao momento atual como “baby boom” de filhos de gays. De acordo com o Instituto Williams da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, o número de casais gays com filhos mais que dobrou desde a década passada, e já passa dos 100.000. Perto de 2 milhões de crianças vivem com pais gays, casados ou solteiros – ou uma em cada 37 crianças com menos de 18 anos.

A vida com dois pais ou duas mães traz algum prejuízo para a criança? Ficaria faltando um equilíbrio, uma referência masculina e outra feminina para a criança se desenvolver plenamente? E mais: casais formados por homens gays estão preparados para a monotonia da vida familiar?

Pesquisa conduzida pela professora Judith Stacey,* da Universidade de Nova York, comprova uma informação que talvez surpreenda a todos: casais com dois pais, ao contrário do que dizem os estereótipos, são exemplares na vida doméstica. Seu estudo de 14 anos comprovou que as famílias mais estáveis de todas eram as lideradas por homens gays que tiveram filhos juntos. “Fiquei chocada em descobrir que absolutamente nenhum dos casais de homens gays envolvidos no estudo havia se separado”, revela ela, que percebeu que os casais de lésbicas se separam num ritmo parecido com os dos heterossexuais.


Baby boom brasileiro


No Brasil, considerando o aumento dos pedidos de adoção por casais gays, a tendência do “baby boom” se repete. Por aqui, o fenômeno numérico reflete mais do que a quantidade de casais homoafetivos dispostos a aumentar a família, e sim também as mudanças sociais que levaram à possibilidade de um casal gay obter aprovação para adotar uma criança. “Até a década de 90, um dos dois entrava individualmente com o pedido de adoção, como solteiro”, revela Dimitri Sales, advogado especializado em causas LGBT. “Quando a assistente social vinha fazer uma visita à casa, fotos eram escondidas e todos os vestígios de uma relação homossexual tirados de cena. A pessoa de fato mentia.”

Quando o bebê chegava, explica Dimitri, o parceiro ingressava na Justiça com outro pedido de adoção para o mesmo bebê, para registrá-lo no seu nome também. “A primeira decisão favorável de adoção por um casal homossexual foi em Catanduva, em 2008.”


O primeiro caso no Brasil


Em Catanduva, no interior de São Paulo, moram os cabeleireiros Vasco Pedro da Gama e Júnior de Carvalho. Na casa deles, duas meninas circulam alegremente: Theodora, de 12 anos, e Helena, de 4. O casal está junto há 22 anos. Para adotar a primeira menina, oito anos atrás, Vasco recorreu ao procedimento que incluía esconder um dos parceiros relatado acima. “A diferença entre o primeiro processo e o segundo é que o primeiro eu encaminhei como solteiro, e depois o Júnior entrou com um pedido de reconhecimento de paternidade”, conta ele. “O segundo foi o primeiro caso do Brasil em que a adoção foi aprovada com dupla paternidade.”

Theodora foi adotada com 4 anos, agora está com 12. Helena foi adotada com um ano, e agora tem quatro. O intervalo entre uma adoção e outra foi o tempo que levou para a fila andar. “A burocracia para adotar é muito grande. São seis meses só para entrar na fila”, diz Vasco, que não escondeu ser homossexual na primeira adoção.

A vida preparou uma surpresa para o casal: quando chegou a vez deles adotarem de novo, quem estava no ponto era Helena, que é irmã por parte de mãe de Theodora. “Elas vão para uma escola particular, de freiras, na cidade. Nenhuma nunca voltou para casa relatando um caso de bullying.”


Adoção por gays e héteros é regulada pela mesma lei


Como a lei brasileira não trata especificamente da adoção por casais do mesmo sexo, a lei que se aplica aos casais heterossexuais é a mesma que vigora para os casais gays. “A legislação que tem é sobre a adoção, ponto. Ela regula o procedimento de adoção e tem que ser usada em todas as situações. O princípio da igualdade assegura que todos somos iguais perante a lei”, diz Dimitri. “Não é o caso de ter uma lei específica para gays, mas de garantir que a lei seja aplicada para todos.”

Depois do caso de Catanduva, outros pedidos de adoção por casais gays foram aprovados, ainda com resistência. Aos poucos a situação foi mudando, e hoje a tendência é de que os pedidos sejam mais aceitos do que negados. “Não é uma situação consolidada. À medida que as pessoas forem pedindo mais, vai criando uma cultura favorável à adoção por casais gays. É uma caminhada”, diz Dimitri.

A situação reflete as conquistas do movimento pela igualdade de direitos, e a evolução da situação legal dos casais gays no Brasil. “Depois da decisão do STF, que reconheceu as uniões homoafetivas como entidades familiares (em 2011), e da regulamentação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que em maio de 2013 estabeleceu a obrigatoriedade de todos os cartórios realizarem o casamento civil homoafetivo, o caminho ficou aberto para a adoção”, diz Dimitri.

Emenda constitucional redigida pelo deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), que propõe o reconhecimento do casamento homoafetivo pela Constituição brasileira, coloca a adoção como um direito civil complementar ao casamento. “Um casal homoafetivo reconhecido pelo Estado pode ser automaticamente autorizado a adotar”, diz ele. “O reconhecimento do casamento torna a relação irrestrita para adoção.”


A vida na novela


Na novela “Amor à Vida”, Eron (Marcello Antony) e Niko (Thiago Fragoso) estão na contramão da pesquisa de Judith Stacey. Eles já estavam na fase final da adoção, em que a criança passa por uma fase de adaptação na casa da futura família, quando o casal decidiu se separar. A psicóloga que acompanha o caso prefere devolver o menino Jaiminho para o orfanato.

Perfeitamente enquadrados no resultado da pesquisa americana estão o brasileiro Marcelo* e o inglês Jack*, que estão juntos há 13 anos e se casaram no Brasil no dia 5 de março passado. Eles estão numa fase que Marcelo define como “de gestação”. “Eu e meu parceiro começamos a falar em adoção sete anos atrás e decidimos que agora é a hora. Com acompanhamento de um advogado, entramos com o pedido de adoção como um casal. Dentro de quatro meses e alguns dias, recebemos a informação de que chegara a nossa vez. Estamos esperando o telefone tocar”, diz ele. “Estamos prontos para a chegada do nosso filho.”

Na página de Marcelo no Facebook, uma foto mostra que a família toda está preparada para receber o novo membro. A imagem é a seguinte: os pés de Marcelo e Jack, de sandálias Havaianas, a gata e o cão da família. No centro de tudo, um par de Havaianas infantil espera pelos pés que vão calçá-lo.

“O Jack que teve a ideia, e comprou o chinelinho. Fiquei com um pouco de ciúmes porque foi ele que deu o primeiro presente.”


Fontes e referências:

  1. *Judith Stacey. Escritora e professora de Análise Social e Cultural e de Sociologia na Universidade de Nova Iorque. Suas áreas principais de pesquisa incluem estudos de família, estudos de gênero, estudos “queer” e sexualidade. Seu livro “Unhitched” explora configurações familiares que se afastam do conceito ocidental padrão de "casamento", incluindo famílias polígamas na África do Sul, as pessoas “Mosuo” no sudoeste da China , e intimidade e paternidade entre os homens gays na cidade de Los Angeles, Califórnia. Publicou várias obras. Seu papel, em co-autoria com Timothy Biblarz, "A orientação sexual dos pais importa em que?" descobriu que crianças com pais gays ou lésbicas "são bem ajustado, tem bons níveis de auto-estima e são mais propensos a ter altos níveis de educação como as crianças criadas em famílias mais tradicionais heterossexuais". Stacey recebeu seu diploma de bacharel da Universidade de Michigan em 1964. Ela recebeu seu Master of Arts em História pela Universidade de Illinois em 1968, e seu Ph.D em sociologia de Brandeis, em 1979. Ela esta no corpo docente da “University of Califórnia”.
  2. Pesquisas: Sites de jornais, revistas e sites de comportamento, web.
  3. Foto: Getty Images.