25/11/2013

Boterosutra. O "Kamasutra plus size" de Fernando Botero

Por Tatiana Escárraga*


O kamasutra retratado pelas pinceladas de Fernando Botero, em uma versão inusitada e criativa: "Boterosutra"



Foto: foto do autor Fernando Botero

Fernando Botero, nasceu em Medellín no ano de 1932, e é sem dúvidas um dos mais renomados pintores da atualidade, mesmo com 81 anos de idade continua em plena atividade e superando a si mesmo, com suas novas descobertas. 

Foto: um dos 70 desenhos do livro Boterosutra. Autor: Fernando Botero

Em sua nova série intitulada Boterosutra, Botero, recria imagens do antigo livro erótico Kamasutra em uma sequência de 70 imagens produzidas a partir de técnicas distintas, como: aquarela, carvão, lápis, pastel e giz vermelho. 
Onde, cinquenta desses desenhos serão expostos na galeria Gmurzynska em Saint Moritz, na Suíça, no período de dezembro (2013) à janeiro (2014). Esta é, de acordo com Botero, uma das obras mais eróticas de sua carreira, talvez esta possa ser a sua maior exposição.


Foto: um dos 70 desenhos do livro Boterosutra. Autor: Fernando Botero

Leia a seguir, a entrevista feita para o jornal, El Tiempo. Edição de 23 de novembro de 2013.

Como surgiu o 'Boterosutra?

"Em maio eu estava na Itália trabalhando em uma escultura de uma mulher reclinada e não consegui encontrar a solução da composição como eu queria. De repente, ocorreu-me que se você colocar uma figura masculina acima, como se fizessem amor, poderia conseguir uma melhor composição. Eu nunca tinha feito nada parecido com isso. E eu pensei que tinha encontrado uma composição muito importante para determinadas artes plásticas. Terminei a escultura, fiz um segundo, depois um terceiro e eu estava entrando no assunto de forma gradual. Então eu comecei a desenhar e ler o Kamasutra por curiosidade. Eu pensei que era um livro que mostrou muitas posições amorosas, mas a verdade é que há muito pouco sobre isso, pois se trata de um tratado de amor." Fernando Botero.

Foto: um dos 70 desenhos do livro Boterosutra. Autor: Fernando Botero

O erotismo veio como solução para as artes plásticas...

Tudo começou como uma solução e ainda é, porque a verdade é que o objetivo deste não é excitar ninguém, é uma criação de arte. Para mim, o mais importante é a arte, algo inesperado. E isso é uma questão que tem sido abordada por grandes artistas ao longo da história. Há uma grande tradição da arte baseada em erotismo, que era muito grave. Os gregos, os persas, até a era moderna ... 

Foto: um dos 70 desenhos do livro Boterosutra. Autor: Fernando Botero

Courbet (século XIX) fez três ou quatro extraordinárias obras sobre o erotismo. Então, Lautrec, Picasso... fizeram obras muito importantes e que chocaram o mundo da arte nos anos 30. Balthus tem um que é chamado de "aula de violão", um quadro muito famoso e altamente erótico.

Foto: um dos 70 desenhos do livro Boterosutra. Autor: Fernando Botero

Eu quero dizer um detalhe legal: um dia eu fui para a casa do poeta francês Paul Eluard e de repente eu vi a foto (aula de violão), que eu admirava muito. A viúva do poeta me chamou dois meses depois e quis que eu comprasse o quadro. O desenho de Balthus, que é uma coisa bonita, está no Museu Botero em Bogotá.

Foto: um dos 70 desenhos do livro Boterosutra. Autor: Fernando Botero


Leia a matéria na íntegra clicando aqui.


Referências e notas:

  1. *Tatiana Escárraga. Jornalista, colunista do jornal El Tiempo na cidade de Bogotá.
  2. Jornal El Tiempo. Edição de 23 de novembro de 2013.
  3. Fotos: Fernando Botero.

20/11/2013

Poliamor

Por redação ADM

Foto: símbolo do poliamor. Fonte: Wikimédia Commons

Poliamor (do grego πολύ - poli, que significa muitos ou vários, e do Latim amor, significando amor) é a prática, o desejo, ou a aceitação de ter mais de um relacionamento íntimo simultaneamente com o conhecimento e consentimento de todos os envolvidos, não devendo no entanto ser confundido com pansexualidade.

Poliamor é frequentemente descrito como consensual, ético, responsável e não-monogâmico. A palavra é por vezes utilizado num sentido mais amplo para se referir a relações sexuais ou romântico que não incluem apenas sexo, embora haja discordância sobre quão amplamente se aplica; a ênfase na ética, honestidade e transparência como um todo é amplamente considerada por seus defensores como crucial para definir sua característica. 

Em outras palavras, o poliamor como opção ou modo de vida, defende a possibilidade prática e sustentável de se estar envolvido de modo responsável em relações íntimas, profundas e eventualmente duradouras com vários parceiros simultaneamente. 

O Poliamor como movimento é mais visível e organizado principalmente nos Estados Unidos, acompanhado de perto por movimentos na Alemanha e Reino Unido. No Brasil, já há até jurisprudência reconhecendo relações poliamorosas, sendo uma das principais estudiosas do assunto no país, a Dra. Regina Navarro. Recentemente, a imprensa em geral tem feito a cobertura quer do movimento poliamor em si, quer dos episódios que lhe estão ligados. Em Novembro de 2005 realizou-se a Primeira Conferência Internacional sobre Poliamor (International Conference on Polyamory & Mono-Normativity) em Hamburgo, Alemanha. 

A palavra em si já foi inventada várias vezes, a maior parte das quais sob a forma de adjetivo (inclusivamente utilizado para referir Henrique VIII, Rei da Inglaterra). Existe publicada em Português uma breve história sobre a palavra. 

Formas de Poliamor


Existem várias maneiras de o pôr em prática, consoante às preferências dos interessados, e necessariamente deve envolver o consentimento e a confiança mútua de todas as partes envolvidas. 

Polifidelidade: envolve múltiplas relações românticas com contacto sexual restrito a parceiros específicos do grupo. 

Sub-relacionamentos: distinguem-se entre relações "primárias" e "secundárias" (um exemplo é a maioria dos casamentos abertos) 

Poligamia (poliginia e poliandria): uma pessoa casa com diversas pessoas (estas podem ou não estarem casadas ou terem relações românticas entre elas). 

Relações em Grupo/casamento em grupo: todos se consideram associados de forma igualitária. 

Popularizado até certo ponto por Robert A. Heinlein, em romances como: Stranger in a Strange Land e The Moon Is a Harsh Mistress, Starhawk nos seus livros The Fifth Sacred Thing e Walking to Mercury. 

Redes de relacionamentos interconectados: uma pessoa em particular pode ter relações de diversas naturezas com diversas pessoas. 

Relações Mono/Poli: um parceiro é monogâmico, mas permite que o outro tenha relações exteriores. 

Os chamados "acordos geométricos", que são descritos de acordo com o número de pessoas envolvidas e pelas suas ligações. 

Exemplos incluem "trios" e "quadras", assim como as geometrias "V" e "N". O elemento comum de uma relação V é algumas vezes referido como "pivô" ou "charneira", e os parceiros ligados indiretamente são referidos como os "braços". Os parceiros-braço estão ligados de forma mais clara com o parceiro pivô do que entre si. Situação contrastante com o "triângulo", em que todos os 3 parceiros estão ligados de forma equitativa. Um trio pode ser um "V" , um triângulo, ou um "T" (um casal com uma relação estreita entre si e uma relação mais tênue com o terceiro). A geometria da relação pode variar ao longo do tempo. 

Algumas pessoas em relações sexuais e/ou emocionais exclusivas podem, mesmo assim, auto-intitularem-se poliamorosas, se tiverem laços emocionais relevantes com outras pessoas. Adicionalmente, pessoas que se descrevem como poliamorosas podem entrar em relações monogâmicas com um determinado parceiro, quer por terem negociado a situação, quer por se sentirem bem com a situação monogâmica com aquele parceiro em particular. Alguns praticantes do poliamor são adeptos do swing

Relações abertas 


Foto: Polyamory contingent. Parada do poliamor em San Francisco EUA, 2004. 
Fonte:  Wikimédia Commons

A expressão relacionamento aberto indica uma relação afetiva estável (usualmente entre duas pessoas) em que os participantes são livres para terem outros parceiros. Se o casal que escolhe esta alternativa é casado, fala-se em casamento aberto. "Relação aberta" e "poliamor" não são sinônimos. Em termos genéricos, "aberto" refere-se a uma não exclusividade sexual no relacionamento, enquanto o poliamor envolve a extensão desta não exclusividade para o campo afetivo ao permitir que se criem laços emocionais exteriores à relação primordial com certa estabilidade. 

Alguns relacionamentos definem regras restritas (ex: polifidelidade); estas relações são poliamorosas, mas não abertas. 

Alguns relacionamentos permitem sexo fora da relação primária, mas não uma ligação emocional (como no swing); estas relações são abertas, mas não poliamorosas. 

Alguns poliamorosos não aceitam as dicotomias de "estar numa relação/não estar numa relação" e "parceiros/não parceiros". Sem esta separação não faz sentido classificar uma relação de "aberta" ou "fechada". 

Grupos de Suporte e Intervenção 


Poliamor como modo de vida pode, em muitas sociedades, ser contra as normas de comportamento geralmente aceitas (mesmo quando respeita as leis vigentes). Assim, os seus praticantes e/ou simpatizantes sofrem pressão mononormativa para se adequarem à norma de comportamento. Para se ajudarem mutuamente ou conhecerem pessoas com modo de vida semelhante, simpatizantes e praticantes do poliamor têm-se constituído em redes locais ou virtuais de suporte, discussão ou mesmo intervenção social (usando extensivamente a internet). Neste último caso, poli-ativistas procuram intervir na sociedade em que se inserem, tentando criar uma imagem positiva e merecedora de respeito junto à sociedade majoritária. Por outro lado, consideram que a ajuda e o suporte emocional por vezes lá prestado constitui por si mesmo uma forma de intervenção social. Dirigido a Portugal e/ou às comunidades de língua portuguesa, existe o Poly Portugal. Existem outros grupos semelhantes no Brasil.


Livros

  • A Convidada (Simone de Beauvoir), romance baseado em episódios reais de sua própria experiência com seu marido e Olga Kosakiewicz.
  • Dona Flor e seus dois maridos (Jorge Amado), no qual discute-se à exaustão os limites da fidelidade e do amor.
  • The Ethical Slut (Dossie Easton e Catherine A. Liszt)
  • Geta (Donald Kingsbury), livro de ficção científica onde se abordam os casamentos de grupo.
  • Friday (Robert A. Heinlein), livro de ficção científica sobre uma mulher geneticamente melhorada. Ao longo do livro ela faz parte de vários casamentos de grupo.
  • As Historietas de Alice (Elise Hirako), livreto de contos e ilustrações que abordam o tema onde Alice e Anita são formas de amar.

Filmes

  • Vicky Cristina Barcelona (Vicky Cristina Barcelona)
  • Whatever Works (Tudo pode dar certo)
  • Jules et Jim (Uma mulher para dois)
  • Y tu mamá también (E Sua Mãe Também)
  • The Dreamers (Os Sonhadores)
  • Too Much Flesh (Portugal: Demasiada Carne/Brasil: À Flor da Pele)
  • Threesome (Três Formas de Amar)
  • Les Chansons d'amour (Canções de Amor)
  • Drama 2010 (Drama 2010)
  • Dieta Mediterrânea (Dieta Mediterrânea)
  • Kinsey (Vamos falar de sexo)